segunda-feira, 5 de maio de 2014

Declaração da LIT sobre Primeiro de Maio

DECLARAÇÃO LIT-QI
Escrito por Secretariado Internacional LIT-QI   


Por um polo de independência de classe, contra os ataques do capital!

Apesar de todas as tentativas por parte da burguesia internacional e da burocracia para apagar o seu significado, o Primeiro de Maio continua sendo um dia internacional de luta da classe operária e de todos os oprimidos do mundo.

É a data em que os trabalhadores lembram os heroicos mártires de Chicago, que há 128 anos deram suas vidas para que a classe trabalhadora conquistasse a jornada de oito horas. É o momento em que erguemos os punhos fechados e honramos todos aqueles que morreram na luta contra a exploração e a opressão do capitalismo, o que nos dá mais força para enfrentar os confrontos atuais.

O Primeiro de Maio é sinônimo de organização e luta da classe trabalhadora em todo o mundo. É o dia que reivindica a luta dos explorados contra os exploradores de todos os países; um dia de lutas contra os governos, a patronal, as burocracias e de defesa da independência política da nossa classe e do internacionalismo proletário.

O significado mais profundo do Primeiro de Maio é hoje mais atual do que nunca

A classe operária e os oprimidos de todo o mundo comemoram este Primeiro de Maio atravessando uma situação política mundial extremamente conturbada, como não se via há décadas.

Para sair da crise estrutural de todo o sistema capitalista, as burguesias nacionais e o imperialismo continuam atacando os direitos históricos e os padrões de vida da classe trabalhadora e dos povos. Esse ataque é feito através de duríssimos “planos de austeridade” ditados pelo imperialismo e que são aplicados por governos capitalistas.

Esses ataques, que em muitos casos se combinam com a crescente dificuldade dos aparatos burocráticos para conter a ação popular, desencadearam a explosão de inúmeras lutas em diversos países e continentes. Os povos de todo o mundo decidiram não marchar para a degradação e a barbárie sem antes lutar. Esta é a base social e política para uma realidade internacional que é marcada por grandes manifestações populares, greves gerais, insurreições, revoluções, guerras civis, queda de governos e regimes, etc.

Os epicentros dessa batalha em nível mundial ainda são as heroicas revoluções que, com altos e baixos, estão em curso na região estratégica do norte da África e Oriente Médio. Destacam-se, nessa parte do globo, a guerra civil na Síria e os processos revolucionários no Egito, Líbia e Tunísia. Além disso, o continente europeu continua em ebulição, especialmente nos países do sul (Grécia, Espanha, Portugal). Esta luta da classe operária e das massas deu um salto nos últimos meses, com a explosão social no Leste Europeu, causada pela revolução ucraniana e os processos da Bulgária e da Bósnia.

A esta realidade soma-se a instabilidade crescente (econômica e política) que começa a se expressar na América Latina, onde, depois de vários anos, reaparecem as enormes manifestações populares e greves gerais (Brasil, Argentina, Venezuela, México, Paraguai), muitos dessas manifestações enfrentando governos de colaboração de classes, até então ligados ao suposto “socialismo do século XXI”, e que, no período anterior, haviam conseguido frear o ascenso do início do século XXI.

As revoluções no mundo árabe, as lutas contra o ajuste estrutural na Europa, a revolução ucraniana e o processo de manifestações e greves em vários países latino-americanos mostram a necessidade urgente de lutar para que a classe trabalhadora organizada intervenha e que esteja à frente desses processos, com seus métodos tradicionais de luta, pois ela é a única classe social que pode sustentar uma luta consequente contra o capitalismo imperialista, oferecendo uma solução revolucionária para os problemas da humanidade.

Unir as lutas e construir um polo de independência de classe!

Neste contexto de crise e enfrentamentos entre as classes, não há necessidade mais urgente do que unir todas essas lutas em cada país e no mundo para derrotar as políticas do capitalismo imperialista, que significam descarregar as consequências da crise nas nossas costas.

Neste Primeiro de Maio é necessário expressar a solidariedade incondicional com os processos de luta que estão em andamento e estabelecer a necessária unidade internacional dos trabalhadores.

Por exemplo, na Europa, a unidade entre os trabalhadores do continente é necessária para derrotar a União Europeia imperialista e os planos da "Troika". A solidariedade ativa em nível internacional é também urgente e seria determinante para uma vitória militar do povo sírio contra o ditador Al Assad.

O mesmo acontece com toda grande mobilização, greve ou processo revolucionário que acontece no mundo. É fundamental retomar e fazer avançar a consciência internacionalista de nossa classe, que foi uma característica do próprio surgimento do movimento operário.

O principal obstáculo nesse caminho são as direções das centrais sindicais e dos partidos tradicionais da classe trabalhadora, totalmente alinhados aos governos e aos exploradores e que se recusam a encaminhar planos de luta unificados e uma jornada internacional contra os “ajustes” dos banqueiros, multinacionais e governos. Portanto, é essencial exigir, a partir das bases, que essas direções rompam seus pactos com governos e burguesias nacionais, propondo ações unitárias em torno das demandas mais prementes da classe operária e do povo.

Mas este chamado não é suficiente. Ao mesmo tempo em que exigimos dos velhos dirigentes que convoquem lutas unificadas, precisamos avançar pela base, na construção de novas direções, com independência de classe, democráticas e combativas para dirigir as lutas. A classe operária deve abrir caminho e lutar por seu programa de classe, permanecendo independente e em oposição a todos os governos e todas as variantes burguesas que interveem nos processos políticos.

A construção deste polo de independência de classe é essencial para que as grandes mobilizações e revoluções não sejam abortadas ou desviadas para saídas burguesas. Neste sentido, a classe trabalhadora deve liderar o processo e fornecer uma solução clara para a crise econômica e os processos revolucionários em curso, reunindo atrás de si os demais setores explorados na luta contra os governos e seus planos de austeridade.

A LIT-CI aposta a fundo na construção dessa saída operária. E encaramos essa tarefa a partir de uma localização e estratégia claras: estamos com os oprimidos e explorados contra os exploradores e opressores, na luta pela revolução socialista mundial.

Por isso, estamos com os trabalhadores, a juventude e os povos árabes contra seus ditadores, sua burguesia e o imperialismo; estamos com o povo sírio, contra Assad; estamos com a classe trabalhadora e o povo egípcio, contra a ditadura militar de Al Sisi; estamos ao lado do povo palestino, contra Israel; ao lado do povo ucraniano, que luta pela sua unidade e independência, contra o opressor grão-russo e contra os planos de colonização do imperialismo norte-americano e europeu; estamos com os trabalhadores europeus, contra seus governos e contra a União Europeia e a “troika”; estamos ao lado dos imigrantes na sua luta por conseguir plenos direitos políticos, trabalhistas e sindicais em todos os países; estamos ao lado das mulheres, dos jovens, dos negros, de todos aqueles que possuem outra orientação sexual e contra todas as formas de opressão, discriminação e perseguição que estes setores sofrem sob o capitalismo.

A necessidade de uma direção revolucionária mundial

Neste marco, a LIT-CI reafirma que a necessidade de construir uma direção revolucionária internacional capaz de dirigir e unificar essas lutas e levá-las à vitória final (a completa derrota do imperialismo) continua na ordem do dia.

A crise de direção revolucionária, como crise fundamental da humanidade, está se demonstrando de forma dramática em cada um dos processos revolucionários atuais. Portanto, esta é a "mãe de todas as batalhas", que LIT propõe a cada um dos lutadores e lutadoras, trabalhadores e trabalhadoras, bem como aos povos de todo o mundo. Para nós, essa tarefa se concretiza na reconstrução da IV Internacional e seus partidos revolucionários nacionais. É nesta tarefa que LIT-CI concentra todos os seus esforços.

Ao mesmo tempo, afirmamos que a construção dessa direção revolucionária mundial só poderá ser realizada por meio de uma luta política e ideológica permanente contra todas as direções burocráticas, conciliadoras, frente-populistas, nacionalistas burguesas, reformistas ou neo-reformistas, que trabalham para desviar a luta dos trabalhadores e das massas rumo a becos sem saída, e que, com qualquer argumento, capitulam ao imperialismo e à burguesia nacional.

A LIT-CI continuará dedicando todos os seus esforços para construir o “Estado-Maior” internacional que está faltando para que as ações heroicas dos povos do mundo possam obter vitórias definitivas.

Neste Primeiro de Maio é fundamental que todas essas lutas e revoluções estejam representadas e que lutemos juntos, como parte da mesma classe. É hora de marchar mais convencidos do que nunca de que “a emancipação dos trabalhadores será obra dos próprios trabalhadores”.

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