quarta-feira, 30 de abril de 2014

Poluição faz população de Congonhas adoecer

São retirados, diariamente, somente das ruas do Centro de Congonhas, cerca de 7 toneladas de pó de minério. Crianças são as mais prejudicadas e sofrem com doenças respiratórias

Fonte: Jornal Estado de Minas (online)


Congonhas – Os quatro mil moradores do Bairro Pires, em Congonhas, convivem com o mesmo problema de uma das maiores cidades – entre as mais poluídas – do mundo, Xangai, na China, que tem quase 15 milhões de moradores. As duas têm a mesma média anual de emissão de material particulado (poeira): 81 microgramas por metro cúbico. A legislação brasileira considera 80 o limite, mas o promotor de Congonhas, Vinícius Alcântra Galvão, destaca que, para a Organização Mundial de Saúde (OMS), o limite tolerado pela saúde humana é 50. “Estou nas últimas tratativas com as empresas para instalar o sistema de monitoramento do ar que possa controlar a poluição e punir os poluidores ”, avisa o promotor. 
Na edição de ontem, o Estado de Minas mostrou o problema dos moradores do Pires com a travessia da BR-040 e de uma ferrovia que cortam o bairro. Mais de 50 pessoas já morreram atropeladas nos últimos anos. Além disso, os moradores do Pires, bairro cercado por diversas atividades de mineração, sofrem com a poeira. O promotor está concluindo um Termo de Ajustamento de Conduta (TAC), que será assinado com as empresas da região, para criar uma rede de monitoramento do ar. 
Enquanto o controle não é implementado, a população sofre. A pequena Mary Anna, de 4 anos, precisa usar o nebulizador constantemente para combater crises respiratórias. “Talvez ela tenha que usar bombinha (remédio para asma) para o resto da vida”, lamenta a mãe de Mary Anna, a agente de saúde Patrícia das Graças Gomes.
O drama da criança é ampliado devido à irresponsabilidade de alguns caminhoneiros que prestam serviço para a Gerdau. Para evitar dirigir mais 32 quilômetros até o trevo de Joaquim Murtinho, os motoristas fazem uma conversão proibida usando um acostamento do Bairro Pires e, ao passar no outro lado da via levantam uma nuvem de poeira, que deixa a casa de Patrícia e de seus vizinhos imunda, além de prejudicar ainda mais a saúde de Mary Anna. 
Avisada pela reportagem do EM, a Gerdau informou, via assessoria de imprensa, que vai reforçar a fiscalização no Bairro Pires “com o objetivo de garantir que empresas terceirizadas, contratadas para serviços de logística, cumpram as normas estabelecidas pela Gerdau, como também cumpram a legislação de trânsito vigente”. 
O problema, segundo Patrícia, ocorre desde dezembro do ano passado, com os caminhões seguindo para descarregar o minério no distrito de Miguel Burnier. O enfermeiro do posto de saúde do bairro, Salmo David da Silva, relata que são corriqueiros os casos de inflamação das vias aéreas. “Há ainda uma poeira que vem das lagoas de dejetos, que são cheias de metais pesados”, alerta o enfermeiro. 

Indiferentes

O prefeito de Congonhas, Zelinho (PSDB), que foi secretário de Saúde nas duas últimas administrações, reconhece que a saúde dos moradores é afetada pela poeira. “É lógico que tem impacto. Tem mais casos de bronquite e asma do que em uma cidade com muita área verde. As doenças respiratórias são mais constantes, principalmente em crianças”, afirma o prefeito. 
São retirados, diariamente, somente das ruas do Centro de Congonhas, cerca de 7 toneladas de pó de minério, segundo o prefeito. A OMS estima que, em todo o mundo, pelo menos 2 milhões de pessoas morrem a cada ano, devido à inalação de partículas finas em ambientes internos e externos. Na tarde de quarta-feira, quatro garotos, entre 12 e 15 anos, jogavam truco encostados na mureta da única passarela construída para a travessia da linha férrea. Um deles assistia e comentava o jogo, enquanto chupava uma mexerica. A poeira, tão onipresente, parece não incomodar os meninos, apesar de escurecer o caldo da mexerica que escorria da mão do garoto. 
Outros dois chegam de bicicleta. Carregam um aparelho de MP3 portátil tocando em alto volume um arrocha (estilo de música baiana). O repórter os instiga a dizer o que pensam do bairro. Um reclama da poeira, outro da falta de passarela na rodovia, o da mexerica lista o nome de conhecidos que morreram atropelados. Chega uma menina cantando uma letra de funk lasciva, debocha de um e se junta ao grupo. O jornalista questiona se querem se mudar dali e ir viver em outro lugar. “É tudo a mesma coisa”, responde o que embaralha as cartas. Todos concordam e param de prestar atenção no repórter. 

Água não é tratada

Maria Antônia Gomes, de 65 anos, a dona Mariquinha, vive no bairro há 45 anos e diz que nunca viu a água tão ruim. Ela mostra garrafas de água suja que guardou para o caso de alguém não acreditar no que está falando. “As empresas vieram e acabaram com a água”, reclama dona Mariquinha. O abastecimento do Pires é feito por duas minas, Boi na Brasa e João Batista. Em 2010, a CSN/Namisa – grupo de mineração e siderurgia – assoreou as duas. Durante dois anos, depois da determinação do Ministério Público, a empresa teve que abastecer as casas do bairro com caminhão-pipa e galões de água mineral.

“Há sábado em que encho o tanquinho para bater a roupa e, quando vou olhar, tenho que jogar a água toda fora, pois está suja”, reclama dona Mariquinha. Desde o fim de 2012, o abastecimento alternativo foi encerrado. A CSN/Namisa fez um acordo e doou R$ 300 mil para a reforma do centro comunitário do bairro. “A obrigação é a empresa retornar ao ponto anterior”, afirma o promotor Vinícius Alcântra Galvão.
COBRANÇA Porém, a presidente da associação comunitária do bairro, Ivana Gomes, teme que a água passe a ser tratada e cobrada dos moradores pela Copasa. “O pessoal aqui não vai aceitar. A poeira é muito grande e todo mundo tem que lavar o passeio e as casas todos os dias”, explica Ivana. O temor da líder comunitária tem fundamento, pois a Copasa informou, via assessoria de imprensa, que já concluiu projeto para atendimento ao bairro e que “está equacionando os recursos necessários para realização da obra”. O prefeito de Congonhas, Zelinho (PSDB), também é a favor: “É inadmissível ter água bruta”.
Eva Eugênia Gonçalves, de 54, lavava com uma mangueira a frente de sua casa. “O maior problema daqui é a poeira. Se for preciso pagar água não vai dar para limpar”, lamenta Eva, que tem um trailer de hambúrguer e diz ser impossível manter o negócio sem deixar o ambiente limpo.

Concentração de partículas totais em suspensão


Local média anual – (microgramas/m³)

Pires 81,3
Xangai (China) - 81
Surat (Índia) - 81
Cochabamba (Bolívia) - 81
Congonhas (setor 1) - 68,3
Brasil (média) - 41
Belo Vale - 39,6
Conselheiro Lafaiete - 39,3
Ouro Branco - 38,1
Congonhas (setor 9) - 50,4

Fontes: Ecosoft Consultoria Ambiental e Organização Mundial de Saúde (OMS)



Greve dos trabalhadores da Imbel segue forte e NÃO VAI TER FUZIL

Desde o dia 14 de abril os trabalhadores da IMBEL (Indústria de Material Bélico), de propriedade do Exército Brasileiro, entraram em greve, em todas as unidades (Itajubá, Magé, Piquete, juiz de Fora e Rio de Janeiro). A greve atinge atualmente 2.000 trabalhadores, sendo 900 em Itajubá.
A IMBEL produz fuzis, pistolas, munições de médio e grande calibre, explosivos e acessórios, equipamentos eletrônicos e de comunicações, para as forças armadas e policias civis e militares de vários Estados. Entre eles está o fuzil 5.56 IA2, recentemente adotado pelo exército brasileiro, e o primeiro com tecnologia 100% nacional.
Indústria de defesa sucateada, privatizada e nas mãos do imperialismo
O desenvolvimento de uma indústria de defesa forte é fundamental para garantira soberania do Estado, principalmente, em se tratando de época de rapina imperialista. No entanto, apesar de um “certo” discurso nacionalista, os governos de Lula e Dilma, pouco fizeram de efetivo.
Aliás, de conjunto a indústria nacional continua muito atrasada. Os novos blindados foram entregues para a IVECO, empresa do grupo FIAT. A indústria aeronáutica está nas mãos da EMBRAER e Helibrás, uma controlada por fundos americanos e nas mãos de europeus. Isso sem falar da Avibrás, que constantemente atrasa os salários e da Taurus, norteamericana que concorre diretamente com a IMBEL. O Brasil tem uma participação ínfima de 0,067% da produção bélica mundial.
No caso da IMBEL ocorreu um plano de modernização que vem sendo implementado desde 2009. O Plano Estratégico 2011/2015, indica 80% dos investimentos direcionados para maquinários e novas tecnologias e somente 20% para pessoal. Para se ter idéia do tamanho do arrocho salarial o piso salarial da IMBEL está hoje em R$ 1.040,00. Um ferramenteiro que em outras empresas da região tem um salário médio de R$ 4.000,00, na IMBEL recebe cerca de R$ 1.200,00. Desde 2008, o governo federal impõe reajustes baseados somente no INPC.
Esse ano foram cortados R$ 3,5 bi do orçamento do Ministério da Defesa. A própria continuidade do Plano Estratégico da empresa está comprometida. A atualização do fuzil IA2 foi cancelada.
Mas isso não significa que a produção está parada. Existem pedidos de 20 mil fuzis IA2 e outros equipamentos para o exército brasileiro, na ordem de R$ 200 milhões. No entanto, nem a empresa e nem o governo estabeleceram critérios e condições para alcançar estas metas como, por exemplo, melhorias salariais, de condições de trabalho, e impactos à saúde do trabalhador.
Greve geral dos operários e operárias da IMBEL
Cansados do arrocho salarial e com vontade de mudar a situação de permanente arrocho, os trabalhadores da IMBEL partiram para a luta esse ano. E dessa vez em todas as unidades da empresa. Os trabalhadores reivindicam 15% de reajuste salarial, 29% para atualização do Plano de Cargos e Salários, cesta básica de um salário nominal, melhorias das condições de trabalho, entre outras.
Nas negociações deste ano a empresa e o DEST (Ministério do Planejamento) argumentaram que poderia conceder somente o reajuste do IPCA, na ordem de 6,17%. E que, além de ser ano eleitoral, os cortes no orçamento impedem a concessão de aumento real e o atendimento das reivindicações dos trabalhadores, como mudanças no Plano de Cargos e Salários e Vale alimentação de um salário mínimo. Porém o DEST não fala nada a respeito dos pedidos na ordem de R$ 200 milhões que esperam somente o fim da greve para continuar a produção.
Estamos diante de uma enorme mentira do governo. Dizer que não tem dinheiro para pagar um salário decente enquanto joga R$ 30 bi para a Copa e outros tantos para Olimpíadas é no mínimo uma irresponsabilidade. Além disso, é de conhecimento de todos que o governo gasta todos os anos quase a metade do orçamento para pagamento de juros e serviços da dívida pública.
Esta greve acontece também no momento em que milhares de servidores públicos federais encontram-se em greve contra o arrocho salarial.
Ao invés de resolver os problemas dos trabalhadores da IMBEL e atender as reivindicações, a direção da empresa, a mando do governo, vem ameaçando os trabalhadores com corte de ponto e da cesta básica. Uma clara ação intimidatória e de prática antisindical.
Mas isso não tem arrefecido a luta dos trabalhadores da IMBEL, ao contrário, a adesão a greve tem aumentado, as atividades de rua, fechamento de estradas, audiências públicas, tem conquistado amplo apoio da população nas cidades onde tem unidades da IMBEL, inclusive Itajubá.
Campanha de solidariedade e apoio ao fundo de greve
O Sindicato dos Metalúrgicos de Itajubá, e a Federação Democrática dos Metalúrgicos, vem realizando uma ampla campanha de solidariedade a greve. Desde a realização de assembléias nas portarias das outras empresas, listas de apoio entre autoridades, campanhas nas redes sociais.
Neste momento é fundamental o apoio dos sindicatos e dos movimentos sociais à greve da IMBEL, que enfrenta a truculência do Exército Brasileiro e do governo Dilma, com seus cortes no orçamento.
Amanhã tem nova negociação com mediação do Ministério Público do Trabalho, em Pouso Alegre, onde esperamos que a IMBEL e o governo Dilma apresentem uma proposta para os trabalhadores. Do contrário os trabalhadores estão dispostos a continuar a luta e acabar de vez com a política de fome impulsionada pela empresa e governo Dilma.
Por isso os trabalhadores já decidiram que se Dilma não negociar NÃO VAI TER FUZIL.

Fonte: FEDERAÇÃO SINDICAL E DEMOCRÁTICA DOS METALÚRGICOS DE MINAS GERAIS
  
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Paulinho Gabriel, dirigente sindical e trabalhador da IMBEL discursa em audiência pública na Câmara dos Vereadores.
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Mais uma assembléia que vota continuidade da greve.

Foto: CAMPANHA TSUNAMI AZUL # NÃO VAI TER FUZIL !
VAMOS PASSAR POR CIMA E CONQUISTAR NOSSOS DIREITOS !


segunda-feira, 28 de abril de 2014

Contra a corrupção e a privatização, por uma Petrobrás 100% estatal a serviço do povo brasileiro


Dalmo Rodrigues, de Santos (SP)

Estariam entre os principais focos de trabalho da futura CPI, a compra da refinaria de Pasadena, nos EUA; a suspeita de propina envolvendo a holandesa SBM Offshore, que aluga plataformas à Petrobras, e o possível superfaturamento de refinarias, como a Abreu e Lima (PE).
A direita corrupta e privatista, que hoje “clama” por transparência, comemora o resultado de olho nas eleições. Não nos enganemos: esses setores - PSDB, DEM e o PPS - enxergam na CPI não a oportunidade de investigar rigorosamente os fatos, mas sim a chance de aprofundar o ataque à empresa e fortalecer o discurso privatista. 
Do outro lado, o PT e seus aliados (PMDB, PP, etc.) querem jogar a sujeira para debaixo do tapete. Os petistas e a sua base de apoio no Congresso buscam esconder o “balcão de negócios” no qual foi transformado a Petrobras. Ao contrário do que afirma o governo, a privatização seguiu nos governos Lula e Dilma. Desde de 2002, já foram 6 leilões de reservas de petróleo, com destaque para a trágica privatização do pré-sal, com a venda do Campo de Libra, em outubro de 2013. 
Diante deste quadro, as dúvidas sobre como defender a Petrobras se acentuam e uma pergunta fundamental torna-se imperiosa: qual a saída dos trabalhadores para esta crise?
Este artigo busca fortalecer uma terceira posição, uma posição independente dos trabalhadores em defesa de uma Petrobras 100% estatal a serviço do povo brasileiro.
O papel da imprensa e da direita
Se parece existir um consenso entre aqueles que reivindicam a defesa da Petrobras estatal, é a necessidade de combater e desmascarar a hipocrisia da direita e da grande imprensa. Esses setores, que hoje fingem se preocupar com os rumos da empresa, sempre atuaram como defensores do sucateamento e privatização da maior empresa do país. Foi assim que privatizaram a Vale, o setor de telecomunicações e muitas outras estatais nos anos 1990, em meio a denúncias de favorecimentos e corrupção.

É preciso combater a hipocrisia e o cinismo da grande mídia, dos tucanos e dos demos. Por detrás do discurso da “ética” e da “transparência”, está a sanha privatista daqueles que querem destruir a Petrobras.
Defender a Petrobras ou governo Dilma?
A batalha contra o oportunismo da direita e da imprensa burguesa – que é parte fundamental da defesa pela Petrobras - não pode ser confundida com a defesa do governo Dilma.

Infelizmente, os governos Lula e Dilma deram sequência ao curso privatista iniciado com FHC. O monopólio estatal do petróleo não foi recuperado, o pré-sal foi vendido a preço de banana para as multinacionais, a terceirização desenfreada e o desinvestimento dão o tom da gestão da companhia. Soma-se a isso, as denúncias de corrupção e superfaturamentos bilionários.
Tristemente, o movimento sindical governista, como a CUT e FUP, saí em defesa do governo federal. Sob o pretexto de defender a Petrobras, assumem a tarefa de blindar o PT de possíveis derrotas eleitorais.
Em nossa opinião, defender a Petrobras significa, além de atacar a direita privatista, denunciar e combater as políticas do governo Dilma que privatizam e fragilizam a companhia. É preciso acabar com o “balcão de negócios” que se transformou a direção da empresa sob o comando do PT e de seus aliados no governo (PMDB, Maluf, entre outros). É preciso reverter o Leilão de Libra e resgatar o monopólio estatal do Petróleo.
O movimento sindical não deve estar atrelado ao governo. Nossa obrigação é construir um amplo campo em defesa da Petrobras, um terceiro campo - independente e dos trabalhadores.
Temos que fazer como Silvio Sinedino, representante dos empregados da Petrobras em 2012, que cobrou em diversas reuniões do Conselho de Administração (CA) explicações detalhadas sobre a compra de Pasadena. Guido Mantega, Dilma Rousseff e, mais recentemente, Graça Foster, nada fizeram – mesmo sendo membros do CA ao longo desses anos. A realidade, por mais dura que seja, é que os maiores aliados da direita foi o próprio PT e o movimento sindical governista.
Um erro individual ou um erro de projeto político?
O PT não é vítima nesta crise. Pelo contrário, colaborou decisivamente para a exposição e enfraquecimento da companhia, sendo responsável ativo pelo bombardeio que a direita oportunista desfere contra a maior empresa do país.

Por isso, somos forçados a dizer que Dilma mente quando indica em seus discursos que a crise na empresa é fruto de “ações individuais e pontuais”. O que acontece na Petrobras é a expressão das escolhas feitas pelo PT.
Para chegar ao poder, e depois para construir maioria no Congresso, lançou mão de acordos com corruptos, empresários, partidos da velha direita e herdeiros da ditadura. Essa escolha gerou uma fatura: levar para a alta direção da Petrobras, e de outras estatais, a lógica do vale-tudo, transformando a empresa em um grande balcão de negócios.
Em nome da governabilidade, o PT promoveu o loteamento de cargos estratégicos da companhia entre os partidos da base aliada, criando as condições para fragilizar e expor à empresa a todo tipo de corrupção e irregularidades. Sem qualquer critério, passou a nomear em diretorias com vultuosos orçamentos gente como Paulo Roberto Costa, ex-diretor da empresa preso por suspeita de lavagem de dinheiro.
Paulo Roberto foi indicado por, nada menos, que o PP (Partido Progressista) – legenda comandada pelo corrupto Paulo Maluf.  Isso sem citar as inúmeras empreiteiras, muitas delas financiadoras das campanhas eleitorais do PT e PMDB, que ganham dezenas de contratos na Petrobras – muitos, sem licitação.
A tentativa de privatizar a Petrobras não é recente. Aliás, por seu caráter estratégico para a economia brasileira, tal perigo sempre esteve e estará por perto; começou de modo agressivo, rápido e aberto pelas mãos do PSDB, mas está sendo mantido pelo PT. Mesmo que nem todos os trabalhadores ainda enxerguem isso com clareza, mesmo que o governo execute este plano em nome do “desenvolvimento do país”, de forma silenciosa, lenta e disfarçada.
É preciso dizer: a Petrobras está sendo privatizada
Se por um lado é inegável a sanha privatista do PSDB, por outro, infelizmente, é também verdade que o PT executa uma privatização velada do petróleo brasileiro e da Petrobras.

Muitos defensores do governo afirmam que o que está em jogo não é Pasadena, mas sim o pré-sal. No entanto, se esquecem de dizer que o próprio PT já entregou parte importante desta riqueza ao estrangeiro. No ano passado, pelas mãos de Dilma, se materializou o leilão de Libra, simplesmente a maior entrega do petróleo brasileiro de toda a história. Dilma não escapará da marca de ter vendido por R$ 15 bilhões (valor do bônus pago pelo consórcio vencedor) uma riqueza estimada em, pelo menos, R$ 3 trilhões.
Ainda sobre a privatização velada da Petrobras, salta aos olhos perceber que de todas as plataformas da companhia localizadas na Bacia de Santos apenas duas são operadas diretamente pela estatal (Merluza e Mexilhão), por petroleiros diretos. As demais, mesmo de propriedade da empresa, têm sua operação transferida para companhias contratadas e trabalhadores terceirizados. Isso, evidentemente, o governo prefere omitir.
As demais plataformas, todas elas, são operadas por empresas terceirizadas com estrutura marcada por equipamentos de qualidade muito inferior e padrões de segurança muito mais “flexíveis”, aumentando sensivelmente os riscos de acidente.
Essa privatização disfarçada se manifesta de diversas formas. A composição da força de trabalho é um exemplo. Foi na gestão petista que a mão de obra terceirizada teve um salto gigantesco. Hoje, existem aproximadamente 90 mil empregados próprios e quase 400 mil terceirizados - as maiores vítimas de acidentes de trabalho (muitos deles fatais), calotes e direitos rebaixados.
Na política de redução de custos, responsável por desencadear todo um clima de insegurança, a privatização velada também encontra terreno fértil. Somente com o PROCOP, programa de otimização de custos operacionais, foram economizados em 2013 mais de R$ 6,5 bilhões. Oficialmente, esta cifra foi alcançada de modo criterioso e planejado, mas a realidade demonstra o contrário: os custos estão sendo reduzidos na mesma proporção em que as condições de trabalho se tornam cada vez piores, os acidentes mais frequentes e as jornadas mais extenuantes.
Nenhuma das concessões e melhorias implantadas para se diferenciar do PSDB, como a retomada dos concursos e de investimentos em áreas abandonadas por FHC, foram suficientes para reverter a lógica do lucro e do capital. Se nos governos de FHC tivemos cinco rodadas de leilão de petróleo, é preciso relembrar que nos governos petistas já tivemos seis rodadas.
A verdade é que o PT abandonou a chance de reestatizar a Petrobras, uma de suas bandeiras históricas antes de chegar à presidência. Os trabalhadores, certamente, estariam na linha de frente desta luta. Com isso, inaugurou uma política de privatização muito mais inteligente e nociva do que a arquitetada pelo PSDB, porque em vez de privatizar com a defesa franca de um projeto neoliberal, colocou em prática uma privatização disfarçada, cheia de sutilezas.
O que Pasadena nos mostra?
Na ansiedade de defender sua gestão como presidente da Petrobras, período em que Pasadena foi adquirida, José Sérgio Gabrielli fez uma confissão no mínimo curiosa em artigo publicado na Folha de S. Paulo, sob o título ‘Pasadena: mitos e verdades’.

Segundo ele, a decisão (de comprar Pasadena) “atendia ao planejamento estratégico da companhia definido em 1999, no governo FHC”. Ou seja, admite involuntariamente que a compra da refinaria enquadrava-se no planejamento elaborado pelo governo tucano. Planejamento, diga-se, elaborado num período de grandes ataques do PSDB à Petrobras. Foi nesta época que o monopólio do petróleo foi quebrado, que a greve histórica da categoria foi reprimida com o Exército e que a empresa foi escancarada para o capital privado internacional, quase mudando seu nome para Petrobrax.
A abertura do capital da empresa à bolsa de Nova York desencadeou a desnacionalização de 30% de suas ações, sendo que hoje 53% estão nas mãos de capitalistas. E embora o governo mantenha o controle com 55% dos votos, 60% do valor econômico da empresa está em mãos privadas. Quem dá as cartas, em última instância, é a burguesia. E o governo é seu agente.
Por isso, mais do que questionar os valores da compra de Pasadena e as reais cifras do negócio, devemos nos perguntar por que a empresa resolveu expandir sua atuação para o exterior. Para quê e para quem?
Esta política, em nossa opinião, tinha como principal função obter lucro... para os acionistas. Sem nenhuma conexão com qualquer política voltada para a soberania energética nacional, sem nenhuma subordinação a uma política calçada nos interesses sociais do país. Todo o plano estratégico da empresa, desde FHC até Dilma, é hierarquizado pela necessidade de garantir lucro e rentabilidade aos acionistas.
Contra a privatização e corrupção, Petrobras 100% Estatal
Somente com a retomada de uma Petrobras 100% Estatal, sob o controle dos trabalhadores, teremos uma empresa sem privatização e sem corrupção, a serviço do povo brasileiro. Assim, poderemos construir um Conselho Administrativo completamente distinto deste que está aí. Um CA formado por membros de entidades sindicais, movimentos sociais e órgãos ligados aos trabalhadores, todos eleitos em suas bases. E uma Diretoria Executiva que seja eleita entre funcionários de carreira, com prestação de contas sistemática de seus atos à categoria, sob pena de terem seus cargos revogados.

Defendemos uma empresa controlada por aqueles que fazem as máquinas funcionarem, por extrair do solo brasileiro a riqueza que, nas mãos do Estado e dos trabalhadores, pode revolucionar a educação, a saúde, a moradia e o transporte público do país.

90 anos de Nahuel Moreno


A herança de Moreno

No dia 24 de abril, completam-se 90 anos do nascimento de Nahuel Moreno, fundador da LIT-QI e parte dos que carregaram no século XX a bandeira da revolução socialista mundial

Mandel dizia: “O falecimento do camarada Hugo comoveu profundamente a todos nós. Com ele desaparece um dos últimos representantes do punhado de quadros dirigentes que, depois da Segunda Guerra, manteve a continuidade da luta de Leon Trotsky em condições difíceis, enquanto nosso movimento estava ainda muito isolado. Muito além das divergências que nos separavam, estávamos unidos por uma mesma resolução de manter essa continuidade a todo custo (...). A geração de Hugo, que é também a minha, não lutou em vão”.
Mais de 10 mil pessoas compareceram ao enterro de Nahuel Moreno para se despedir daquele que foi o mestre de gerações de militantes revolucionários nos 22 países onde a LIT tinha seções. Entre as dezenas de mensagens de condolências, uma mensagem, a de Ernest Mandel, o principal dirigente do Secretariado Unificado da IV Internacional, antigo companheiro e também adversário, explicava a trajetória e a importância de Moreno.

Moreno foi, junto com Mandel, James Cannon, Joe Hansen, Pierre Frank, Michel Pablo, Lívio Maitán, Pierre Lambert, Gerry Healy, Bill Hunter e poucos mais, um dos que se dispuseram a seguir a obra de Trotsky. Enfrentaram uma situação muito adversa. A Segunda Guerra e a perseguição stalinista tinham exterminado grande parte dos quadros da IV Internacional, inclusive Trotsky.
Eles prosseguiram a obra de construção da IV durante o período em que o stalinismo se fortalecia relativamente com a vitória contra o nazi-fascismo e a aparição de novos estados operários burocratizados com a expropriação da burguesia em um terço da humanidade.
De todos esses quadros, podemos dizer que Moreno foi o que melhor passou a prova desta longa jornada. Em primeiro lugar, porque procurou, desde 1944, quando fundou o Grupo Operário Marxista (GOM) na Argentina, construir uma organização na classe operária, abandonando o trotskismo intelectual dos cafés. Esta lição ele procurou transmitir a todos os partidos que se aproximaram da corrente dirigida por ele, do Brasil à Espanha. Moreno também foi grande porque defendeu os princípios do trotskismo, do marxismo revolucionário do nosso tempo, contra adaptações e desvios.
Mas o mais importante aspecto de sua vida militante foi o internacionalismo. Em seu último livro, Moreno afirmava: “”A maior parte de minha militância política esteve, e continua estando, dedicada ao partido mundial, à construção da Quarta Internacional”.”
O resultado desta longa militância, desta sua longa marcha, foi a Liga Internacional dos Trabalhadores. A LIT foi o produto, dentro do trotskismo, da corrente principista de Moreno, construída na classe operária e sempre no marco de uma organização internacional. Com avanços e retrocessos, erros e acertos, divisões e uniões, é a maior obra e o monumento vivo” a Moreno, como a chamou o jornalista e trotskista inglês Peter Fryer. Sem ela, certamente não existiriam a Convergência Socialista e nem o PSTU. Estudar a obra, a vida e os ensinamentos de Moreno é parte da formação marxista que necessitam centenas de jovens militantes que procuram no PSTU e na LIT uma alternativa revolucionária e socialista.
“Nos poucos minutos de conversa por entre as grades, ele procurou fortalecer o ânimo dos jovens militantes”
Conheci Nahuel Moreno em 1978, durante a ditadura. Estávamos presos no velho edifício do DOPS paulista, toda a direção da Convergência Socialista e alguns estrangeiros.
Moreno visitava o Brasil, durante uma conferência pública da Convergência com a presença de 1.200 pessoas, onde se discutiam o programa e os estatutos para a fundação de um partido socialista no país. Mas o governo Geisel não estava disposto a permitir semelhante ousadia. Fomos todos presos um dia após o evento.
As semanas que se seguiram foram de tensão. Milhares de estudantes se mobilizaram por nossa libertação. Foi desencadeada uma campanha internacional para que a ditadura brasileira não deportasse Moreno para a Argentina, onde certamente seria morto pelo regime militar daquele país. Além da Anistia Internacional, pediram por sua liberdade figuras como Gabriel García Márquez, Felipe González, Juan Lechín, da COB, e Mário Soares, primeiro-ministro de Portugal.
Nós, presos, nos somamos às mobilizações com uma greve de fome que durou 15 dias. Finalmente o governo Geisel cedeu e expulsou Moreno para a Colômbia, país onde estava exilado na época.
Depois de dias de isolamento e interrogatórios, nossos carcereiros permitiram que tivéssemos uma hora de sol a cada dois dias. Podíamos sair, cela por cela, em pequenos grupos, para um estreito pátio fechado por muros. Grades formavam o teto. As pequenas janelas das celas, também gradeadas, davam para esse pátio. Moreno, de braços dados com Rita Strassberg, sua companheira na época, caminhava a passos largos, indo e vindo.
Eu e alguns outros companheiros ainda não o conhecíamos porque sua estadia no Brasil era clandestina. Zezé, uma das fundadoras e, na época, a principal dirigente do partido, nos apresentou, ele no pátio e nós na cela. Foram poucos minutos de conversa por entre as grades, e ele procurou fortalecer o ânimo dos jovens militantes que enfrentavam pela primeira vez uma prisão. Ele mesmo já tinha passado por várias, no Peru, na Bolívia e na Argentina.
Desde 1973, Moreno já havia influído decisivamente na fundação da Liga Operária, o grupo que precedeu a CS, desempenhando um papel decisivo na formação de seus quadros e em sua política. Em sua visita de 1978, antes de ser preso, deu sua opinião de que a classe operária necessitava de um partido dos trabalhadores, que seria a organização política que mais corresponderia ao processo objetivo de surgimento de um novo sindicalismo no ABC. Propunha uma correção na orientação anterior da CS em favor da construção de um partido socialista. No ano seguinte, fomos os primeiros a lançar a proposta do PT.
Anos mais tarde, em 1982, eu e mais dois dirigentes da CS visitamos a Argentina. O país vivia os estertores do regime militar, Moreno tinha voltado do exílio, mas ainda vivia na clandestinidade em Buenos Aires. Aí se iniciou um período de anos de discussões com a direção brasileira sobre a crise e a posterior queda da ditadura no Brasil, a campanha das Diretas Já, o PT e muitos outros temas.
Em 1985, com a queda do governo militar, Moreno pôde voltar ao Brasil. Esteve em Belo Horizonte, como convidado do Congresso do SBPC, e visitou o Sindicato dos Metalúrgicos de Belo Horizonte e Contagem, que recentemente havia sido arrancado das mãos dos pelegos e era dirigido em maioria por militantes da Convergência.
Esteve também no Rio e em São Paulo. Procurou transmitir sua experiência nos sindicatos argentinos, onde militou desde 1944, para nós, militantes brasileiros que atuávamos nas oposições sindicais e começávamos a dirigir sindicatos no marco da construção da CUT. Sua obsessão pela democracia operária, a realização de assembléias regulares e a luta contra a burocratização nos influenciou decisivamente.
Em todas essas ocasiões, Moreno nunca posou de “grande homem”. Foi um companheiro atencioso, que preferia se alojar na casa de companheiros e não em hotéis, que se divertia comendo uma pizza e tomando cerveja com dirigentes trinta anos mais novos que ele. Procurava sempre ilustrar suas intervenções políticas com histórias práticas de sua incrível vida militante. Assim, foi o mestre de toda uma geração de quadros trotskistas.
(Bernardo Cerdeira)
Publicado originalmente no Opinião Socialista 144, de outubro de 2003

quinta-feira, 17 de abril de 2014

Formação: Os Jornais e os Operários

Muito tem se discutindo o papel da mídia, desde das Jornadas de Junho, ficou claro para uma grande parcela da juventude e dos trabalhadores em geral, seu papel nefasto. Porém ainda é grande a o setor da sociedade que acredita na imparcialidade de imprensa. Por isso nós do PSTU-Contagem decidimos postar um texto de Antonio Grasmici¹, um pequeno texto, sim bem pequeno, mas de grande valor.
Boa leitura, a redação.


Os Jornais e os Operários

É a época da publicidade para as assinaturas. Os diretores e os administradores dos jornais burgueses arrumam as suas vitrines, passam uma mão de tinta pela tabuleta e chamam a atenção do passante (isto é, do leitor) para a sua mercadoria. A mercadoria é aquela folha de quatro ou seis páginas que todas as manhãs ou todas as tardes vai injetar no espírito do leitor os modos de sentir e de julgar os fatos da atualidade política que mais convém aos produtores e vendedores de papel impresso. Estamos dispostos a discorrer, com os operários especialmente, sobre a importância e a gravidade daquele ato aparentemente tão inocente que consiste em escolher o jornal que se pretende assinar?
É uma escolha cheia de insídias e de perigos que deveria ser feita com consciência, com critério e depois de amadurecida reflexão. Antes de mais, o operário deve negar decididamente qualquer solidariedade com o jornal burguês. Deveria recorda-se sempre, sempre, sempre, que o jornal burguês (qualquer que seja sua cor) é um instrumento de luta movido por idéias e interesses que estão em contraste com os seus. Tudo o que se publica é constantemente influenciado por uma idéia: servir a classe dominante, o que se traduz sem dúvida num fato: combater a classe trabalhadora. E, de fato, da primeira à última linha, o jornal burguês sente e revela esta preocupação. Mas o pior reside nisto: em vez de pedir dinheiro à classe burguesa para o subvencionar a obra de defesa exposta em seu favor, o jornal burguês consegue fazer-se pagar pela própria classe trabalhadora que ele combate sempre. E a classe trabalhadora paga, pontualmente, generosamente. Centenas de milhares de operários contribuem regularmente todos os dias com seu dinheiro para o jornal burguês, aumentando a sua potência. Porquê? Se perguntarem ao primeiro operário que encontrarem no elétrico ou na rua, com a folha burguesa desdobrada à sua frente, ouvirão esta resposta: É porque tenho necessidade de saber o que há de novo. E não lhe passa sequer pela cabeça que as notícias e os ingredientes com as quais são cozinhadas podem ser expostos com uma arte que dirija o seu pensamento e influa no seu espírito em determinado sentido. E, no entanto, ele sabe que tal jornal é conservador, que outro é interesseiro, que o terceiro, o quarto e quinto estão ligados a grupos políticos que têm interesses diametralmente opostos aos seus. Todos os dias, pois, sucede a este mesmo operário a possibilidade de poder constatar pessoalmente que os jornais burgueses apresentam os fatos, mesmo os mais simples, de modo a favorecer a classe burguesa e a política burguesa com prejuízo da política e da classe operária. Rebenta uma greve? Para o jornal burguês os operários nunca têm razão. Há manifestação? Os manifestantes, apenas porque são operários, são sempre tumultuosos, facciosos, malfeitores.
O governo aprova uma lei? É sempre boa, útil e justa, mesmo se não é verdade. Desenvolve-se uma campanha eleitoral, política ou administrativa? Os candidatos e os programas melhores são sempre os dos partidos burgueses. E não falemos daqueles casos em que o jornal burguês ou cala, ou deturpa, ou falsifica para enganar, iludir e manter na ignorância o público trabalhador. Apesar disto, a aquiescência culposa do operário em relação ao jornal burguês é sem limites. É preciso reagir contra ela e despertar o operário para a exata avaliação da realidade. É preciso dizer e repetir que a moeda atirada distraidamente para a mão do ardina é um projétil oferecido ao jornal burguês que o lançará depois, no momento oportuno, contra a massa operária.
Se os operários se persuadirem desta elementaríssima verdade, aprenderiam a boicotar a imprensa burguesa, em bloco e com a mesma disciplina com que a burguesia boicota os jornais dos operários, isto é, a imprensa socialista.
Não contribuam com o dinheiro para a imprensa burguesa que vos é adversária: eis qual deve ser o nosso grito de guerra neste momento, caracterizado pela campanha de assinaturas, feitas por todos os jornais burgueses. Boicotem, boicotem, boicotem!

1 Antonio Gramsci nascido em Ales22 de janeiro de 1891 Membro fundador do Partido Comunista Italiano, preso em preso em 1926 só é libertado em 1934 por problemas de saúde. faleceu aos 46 no dia, 27 de abril de 1937.

Sindicato Metabase Mariana corre perigo. Não à divisão da categoria!

Divisão da base sindical da categoria é um grande ataque aos trabalhadores



Os trabalhadores representados pelo sindicato Metabase Mariana estão sendo duramente atacados. Um grupo de oportunistas está tentando dividir a categoria e criar um novo sindicato.
Atualmente, o Metabase Mariana representa os trabalhadores do Complexo Mariana e das Minas Centrais, o que inclui a mina de Brucutu, Água Limpa, Arcelor Mital, entre outras.
No entanto, um grupo de tiranos e oportunistas quer dividir a categoria e criar outro sindicato, que representaria os trabalhadores do Complexo das Minas Centrais.
O que mais chama a atenção é que por traz disso tudo está o pelego Zé Horta. Depois de ter sido expulso da direção do Metabase Mariana pelos trabalhadores, o sujeito quer dar um golpe e voltar a ser diretor sindical.
Esse seria mais um assalto aos trabalhadores, pois todos sabem que Zé Horta já havia tomado a Atapem da categoria. A Atapem era ligada ao sindicato, mas, quando viu que ia perder as eleições, Zé Horta tirou o registro da associação do nome do sindicato para colocar no nome dele. Um grande absurdo típico de pilantras.



Por que dividir a categoria não é bom para os trabalhadores?

Uma pergunta que muitos devem estar fazendo é: O que a divisão da base sindical tem a ver com a vida dos trabalhadores e por que temos que ser contra?
Para nós, quanto mais união houver entre os trabalhadores, melhores condições teremos de defender os interesses da categoria e mais fortes seremos pra enfrentar a ganância do patrão. Quanto ao sindicato é a mesma coisa. Uma base sindical dividida dificulta a unidade entre trabalhadores de diferentes minas.

Essa é uma mudança que só beneficia o patrão, pois ficará mais fácil para eles pressionarem por acordos coletivos rebaixados e outras retiradas de direitos. No caso do Metabase Mariana é ainda mais grave, pois a divisão da categoria vai significar o retorno do pelego Zé Horta através de um método antidemocrático e autoritário.


Por trás disso tudo tem o dedo da Vale

Não é novidade para ninguém que a Vale utiliza de todos os métodos para impedir a união e a luta dos trabalhadores.
Nas campanhas salariais, em que reivindicamos melhores condições de trabalho e de vida, a pressão, o assédio e as ameaças são intensificados, com objetivo de fazer a categoria não lutar e aceitar um acordo rebaixado.
Não será novidade se comprovarmos a participação da Vale na divisão do sindicato de Mariana. Na gestão passada, a empresa atuava com apoio de Zé Horta para garantir a máxima exploração possível. Agora, não nos surpreenderá se mais uma vez essa dupla estiver de mãos dadas contra a categoria.
Dividir o movimento sindical é uma estratégia permanente da Vale. Como ela atua no país inteiro, seus funcionários são representados por várias entidades diferentes. A empresa tem nas mãos parte dos sindicatos, que são pelegos e vendidos. Dessa forma, ela consegue dificultar a unidade de todos os trabalhadores para lutar, seja nos acordos coletivos, seja no dia a dia.
Unir a categoria e lutar contra a ganância da Vale é uma grande tarefa que está colocada para os trabalhadores.


O Sindicato Metabase Mariana tem que reagir e lutar pela unidade da categoria

             Neste momento, em que os trabalhadores e o sindicato estão sendo atacados, a direção do Metabase Mariana tem que dar uma resposta à altura e defender a unidade da categoria.
          Essa gestão foi eleita pela base para lutar e defender os trabalhadores contra os ataques das empresas. Além disso, foi essa gestão que derrubou o pelego Zé Horta e por isso não pode deixar que ele dê outro golpe e volte a comandar parte da base do sindicato.
           Temos muitas diferenças com Ronaldo Bento, presidente do Metabase Mariana. Em nossa opinião, o Sindicato de Mariana não tem correspondido ao compromisso de ser uma forte ferramenta de luta da categoria. Exemplo disso foi o acordo coletivo da Vale, em que Ronaldo rompeu a unidade de luta com a CSP-Conlutas e levou os trabalhadores a aceitarem a proposta da Vale. Outro exemplo ocorreu recentemente, quando o presidente do sindicato de Mariana esteve no encontro da Vale em Carajás e elogiou velhos pelegos que foram varridos do Sindicato Metabase pelos trabalhadores (informação tirada do facebook do sindicato de Mariana).
          No entanto, nesse momento em que o Sindicato Metabase Mariana e os trabalhadores estão sendo duramente atacados, achamos importante deixar qualquer divergência de lado e defender a categoria. Por isso, está na hora de fazer um grande movimento em defesa da unidade da categoria. Nosso objetivo é a defesa do conjunto dos trabalhadores.

Venezuela: A quem serve a Conferência Nacional da Paz?

Conferência Nacional pela Paz: a quem serve este diálogo?
Escrito por UST - Venezuela   

Foi realizada, em Miraflores, a Conferência Nacional pela Paz. Os principais empresários do país e suas organizações estiveram presentes: Fedecâmaras, Conindústria e Consecomércio. Também participaram vários representantes da MUD e da oposição, Wills Rangel, pela CBST, governadores e dirigentes do PSUV, a Igreja Católica e outros cultos, artistas e intelectuais, ministros e jornalistas. E o presidente Nicolás Maduro.

Os países do Mercosul, a Unasul, apoiaram o governo Maduro e o diálogo, vem como os EUA e a União Européia. Todos se referiram à necessidade de diálogo e consenso.

Crise econômica e insatisfação generalizada
A crise econômica está entrando em cheio na Venezuela. A PDVSA e o governo devem utilizar cada vez mais dólares para pagar dívidas contraídas no exterior. Uma imensa quantidade de dólares escoa para a especulação e não para a produção. Os setores populares sentem a cada dia a escassez dos produtos de primeira necessidade e os baixos salários. Há uma grande insatisfação em um setor importante da população. Não são somente os estudantes de classe média que protestam. No ano passado, uma longa luta dos professores universitários mostrou um grande descontentamento em um setor que há muito não se mobilizava. Os trabalhadores da SIDOR e os petroleiros lutaram muito. Houve lutas dispersas em outras cidades. A mobilização estudantil, dirigida por setores da direita, não fez nada além de capitalizar esse descontentamento generalizado.

Crise no governo e na MUD
Esta crise impôs um “dialogo” que o governo não queria. Hoje está aceitando negociar as exigências de empresários e oposição. Vilna Mora, governador oficialista de Táchira, manteve posições contra a repressão, mas logo baixou o tom das críticas. No Grande Pólo Patriótico, o clima também é tenso.

A MUD tampouco aparece unificada e Capriles, que num primeiro momento, se afastou dos “violentos” e aceitou o diálogo, logo não compareceu ao encontro porque “o governo deveria dar sinais, tendo de ceder diante das pressões dos estudantes, que exigem a liberação dos presos. Mas prefeitos, deputados e o governador Henry Falcón sim compareceram, junto com o MAS em Miraflores.

A crise se torna mais aguda, já que há 30 dias do início do processo de mobilização, o governo não consegue desarticular o movimento, nem com repressão. Abriu-se um impasse, e, por enquanto, o governo não consegue controlar totalmente a situação.

O que querem os empresários?
Nessa reunião, Lorenzo Mendoza, um dos principais empresários do país, exigiu a formação de uma comissão pela “verdade econômica”, que o governo aceitou e já está funcionando. Também pediu o pagamento da dívida da CADIVI com os empresários e entrega de divisas. Aumento dos preços regulados e modificação da LOTT devido ao “absentismo crescente”. Pérez Abad, boliburguês, disse que “o socialismo não pode ser construído sem a participação dos empresários privados” (sic). Todos defendem medidas para liberalizar o mercado.

Qual o objetivo do “acordo de paz”?
Que líderes da oposição apareçam em cadeia nacional, junto com chavistas e empresários, fazendo críticas e “exigindo mudanças profundas”, mostra um governo debilitado em sua relação com os trabalhadores e o povo.

As mobilizações estudantis se estenderam a outros setores, sobretudo os bairros. Nos locais de trabalho, o “ambiente” é cada vez mais tenso contra o governo. Surgem trabalhadores repudiando a violência, mas concordando que “assim não pode continuar”. Outros dizem: “Eu sou chavista, mas este governo não me representa”. O problema da escassez, as longas filas para conseguir farinha ou açúcar e a inflação podem levar a uma explosão popular que todos eles querem evitar.
Nesse marco, o diálogo tem vários objetivos: por um lado, os empresários passam à ofensiva para descarregar a crise sobre os trabalhadores. O governo, por sua vez, tenta se recuperar dessa crise tratando de obter um consenso político e social que lhe permita continuar governando sem sobressaltos, ao mesmo tempo que aceita aplicar medidas antipopulares. A MUD quer aproveitar a crise do chavismo para aparecer como uma alternativa, mesmo sabendo de suas limitações para dominar o conjunto das massas; ataca e obriga o governo a ir mais à direita (com repressão, medidas antipopulares etc.). Mas todos pretendem chegar à maior quantidade de acordos possíveis para evitar uma explosão geral, enquanto já começam a aplicar o arrocho de preços e a entrega de dólares.

Repúdio ao pacto contra os trabalhadores
A conferência de paz tem como objetivo central obter um verdadeiro “pacto” entre o governo e a patronal, para tentar passar medidas de arrocho. Por isso, não dialoga com os trabalhadores! Devemos, portanto, denunciá-lo e enfrentá-lo com a mobilização e a luta. Precisamos construir uma alternativa classista e um programa para resolver os problemas do país do ponto de vista da classe trabalhadora e setores populares, e não da burguesia e o governo.

Tradução: Cecília Toledo