domingo, 29 de março de 2015

18 de abril: Seminário discutirá construção de um programa de luta na região dos inconfidentes


Valério Vieira,
militante do PSTU Mariana e diretor do Sindicato Metabase Inconfidentes


É hora de organizar as lutas

A partir de um chamado do Sindicato Metabase Inconfidentes, filiado à CSP-Conlutas, ocorrerá no dia 18 de abril um seminário para discutir a atual situação político econômica do país e de nossa região. A organização do seminário está sendo debatida pelas entidades e pastorais que constroem a atividade.

Somente em 2015, empresas como Vale, CSN, Namisa e Ferrous demitiram centenas de trabalhadores. Nas terceiras o número já está na casa dos milhares. Além disso, como se não bastasse os cortes de direitos trabalhistas promovidos pelo governo Federal, as empresas encarregam-se de cortar outros benefícios dos trabalhadores, como a PLR.

Está na hora de organizar lutas em defesa do emprego, dos salários e dos direitos trabalhistas. As cidades mineradoras são ricas em recursos naturais, mas, infelizmente, fruto da exploração da empresas, não fica praticamente nada para os trabalhadores e para as comunidades.

Para o PSTU, é fundamental que todos os movimentos sociais, pastorais e sindicatos participem do seminário do dia 18. Os trabalhadores precisam unificar forças a partir de suas próprias organizações para lutarem em defesa do emprego e dos salários e das cidades mineradoras.



Chega de roubalheira! Fora todos os corruptos e corruptores



Construir nas ruas a mobilização dos trabalhadores e da juventude para punir corruptos e corruptores e pelo ­fim da privatização da Petrobras


Os trabalhadores e a juventude estão revoltados com a roubalheira que envolve os principais políticos do país. No último dia 6, o Supremo Tribunal Federal (STF) autorizou a abertura de inquérito contra 50 políticos, entre eles 12 senadores, 22 deputados federais, além de ex-ministros e ex-governadores. Segundo a Operação Lava Jato, todos estão ligados ao escândalo de corrupção na Petrobras. As investigações atingem partidos como o PT, PMDB, PSDB, PTB, PP e Solidariedade. Os principais chefões do Congresso também estão envolvidos, como o presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e o presidente da Câmara dos Deputados, Eduardo Cunha (PMDB-RJ). A quantidade de senadores e deputados investigados soma quase 10% do total do legislativo!
A lista de inquéritos também envolve a senadora Gleisi Hoffman (PT-PR) e ex-ministrachefe da Casa Civil de Dilma; os senadores Humberto Costa (PT-PE) e Lindberg Faria (PTRJ); o senador e ex-presidente, Fernando Collor, (PTB); a ex-governadora do Maranhão, Roseana Sarney (PMDB); o exgovernador de Minas Gerais, Anastasia (PSDB-MG), cria e aliado de Aécio Neves. Antônio Palocci, ex-ministro da Casa Civil de Dilma, também está na lista. Segundo a investigação, ele teria recebido dinheiro do esquema de corrupção para bancar a campanha de Dilma em 2010.
No bolso dos empresários
A corrupção girava em torno de contratos superfaturados entre a Petrobras e as maiores empreiteiras do Brasil. Elas pagavam propinas aos diretores da estatal e aos políticos para abocanhar contratos com o governo. A estimativa é de que o esquema de corrupção desviou R$ 10 bilhões de reais. A grana era usada para bancar as campanhas eleitorais dos grandes partidos. Isso mostra que quem controla as eleições e os políticos eleitos são as empresas que doaram milhões para suas campanhas e que, depois, cobram a fatura.

Na eleição passada, o PT recebeu de grandes empresas privadas quase R$ 80 milhões, sendo 65% de construtoras envolvidas no escândalo da Petrobras. O PSDB ficou com R$ 20 milhões, sendo 86% das construtoras corruptoras. Na Câmara dos Deputados, mais de trezentos parlamentares foram eleitos com o dinheiro das empreiteiras, sendo 255 deputados financiados diretamente pelas construtoras investigadas.
Privatização
O fim do monopólio estatal da Petrobras durante o governo FHC, que abriu caminho à exploração e à distribuição privada do petróleo brasileiro, deu início à farra dos contratos superfaturados com as empreiteiras. Os governos Lula e Dilma não colocaram fi m à privatização da Petrobras. Ao contrário, expandiram as terceirizações e os leilões do nosso petróleo, inclusive do pré-sal. O resultado foi mais corrupção e precarização do trabalho.

Escândalo vai continuar
A presidente Dilma foi citada nos depoimentos. Paulo Roberto Costa, diretor da Petros, disse que a primeira campanha presidencial de Dilma, em 2010, recebeu R$ 2 milhões do esquema. O STF e a procuradoria-geral da República decidiu arquivar e não investigar o caso. Isso porque, segundo a Constituição, a presidência da república não pode ser investigada e responsabilizada por atos que não tenham uma relação direta com o exercício do cargo.

No entanto, os próximos meses prometem a revelação de novas denúncias. Os executivos das empreiteiras estão firmando acordos de delação premiada com o Ministério Público Federal (MPF). Isso significa que eles podem abrir o bico e detalhar a participação de outros políticos em esquemas de corrupção nas estatais do setor energético e nas obras do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC).
 

Confiar na Justiça dos poderosos?
É comum ver pessoas que cometem pequenos roubos, motivadas pela miséria, serem condenadas a anos de prisão. Por outro lado, corruptos que se tornaram notórios neste país gozam a mais absurda impunidade. Assim sempre funcionou a justiça dos ricos no Brasil.

A prisão de empreiteiros provoca esperanças de que essa situação pode mudar. Mas é bom ter cuidado. A justiça é parte de um Estado que serve à dominação dos ricos e poderosos. As leis são feitas por seus representantes e aplicadas por juízes que sabem muito bem quem estão julgando. Quem tem dinheiro pode contratar advogados que utilizam todas as inúmeras brechas da lei para atrasar ou impedir os julgamentos. Ou simplesmente comprar os juízes ou jurados de um caso para serem absolvidos. Além disso, juízes e desembargadores gozam de altos salários e privilégios que nenhum trabalhador tem.
Aécio fora da lista. Mas até quando?
 O doleiro Alberto Youssef, um dos principais delatores da Lava-Jato, acusou o senador Aécio Neves (PSDB-MG) de receber dinheiro de propina de Furnas, estatal mineira do setor elétrico. Mas a Procuradoria Geral da República decidiu pedir o arquivamento do inquérito contra o tucano por falta de consistência.

Mas o arquivamento pode não ser o ponto final dessa história. O principal aliado de Aécio em Minas Gerais, o tucano Anastasia (PSDB-MG), está na lista da Lava- Jato e será investigado. Ou seja, maracutais realizadas pelos tucanos podem aparecer no próximo período.
Diante da corrupção na Petrobras, o PSDB tenta se passar por defensor da moral idade e da ét ica. Mas os tucanos realizaram um dos maiores escândalos de corrupção da história do Brasil quando privatizaram a Telebras e a Vale do Rio Doce. A grande imprensa tenta blindar o PSDB, mas novas delações vão surgir, e a sujeira tucana deverá subir à tona.

Contra a roubalheira
O PSTU defende a prisão dos corruptos e corruptores e o confisco de seus bens

Essas medidas são necessárias para combater a corrupção, mas não serão aplicadas pelo governo do PT, nem por um governo do PSDB. Muito menos esse Congresso de picaretas. Ao contrário, a proposta de Reforma Política em pauta no Congresso tem um conteúdo antidemocrático e tenta restringir uma representação dos trabalhadores e de partidos que seja contra o sistema.
O fim da corrupção só é possível com medidas que nos levem para além deste sistema.
As aplicações dessas medidas só podem ser impostas pela mobilização dos trabalhadores, os principais interessados no fim dacorrupção.
 

Prender corruptos e corruptores e confiscar seus bens
É preciso prender os corruptos e confiscar seus bens. De nada adianta prisões temporárias sem expropriação das propriedades dos corruptos, ou a impunidade das “delações premiadas”, porque, aosair da prisão, o corrupto vai usufruir o que roubou.

É necessário também prender e expropriar as empresas que corromperam. Não existem corruptos sem corruptores. Em geral, as grandes empresas corruptoras não são afetadas. Muitas empreiteiras envolvidas na corrupção, por exemplo, estão fazendo acordos com a justiça para continuarem participando de novas licitações com o governo.
 

Fim dos privilégios dos políticos
Os altos salários dos deputados, ao invés de "evitar a corrupção", garantem a eles inúmeros privilégios. Essas regalias corrompem os partidos e políticos, mudam o seu modo de vida e servem como um trampolim para a corrupção.

O PSTU defende o fim de todo o tipo de privilégio gozado pelos políticos. Qualquer político de qualquer partido deveria ganhar um salário igual ao de um operário médio qualifi cado ou ao de um professor. 
 
Mandatos revogáveis
Os mandatos dos deputados devem ser revogáveis. Isso significa que, a qualquer momento em que o deputado se envolva em corrupção ou aprove medidas contra os trabalhadores, seu mandato possa ser revogado pelo poder do povo.
 



Fim do financiamento privado das campanhas eleitorais
São as grandes empresas e bancos que têm controle sobre as campanhas dos grandes partidos, do PT ao PSDB. Uma vez eleitos, empresários, banqueiros e latifundiários, cobram a fatura. O PSTU foi o único partido que apresentou ao Supremo Tribunal Federal uma medida que proíba o fi nanciamento de empresários nas campanhas eleitorais (Ação Direta de Inconstitucionalidade 4650). O Ministro Gilmar Mendes, que tem compromissos com o empresariado, pediu vistas do processo, suspendendo o julgamento.
 

Fim do sigilo bancário e fiscal
É preciso também que sejam abertos os sigilos bancário e fi scal dos donos dos bancos e empreiteiras, assim como dos deputados e senadores, governantes e diretores das estatais.
 

Fim do Senado
O partido também defende o fim do Senado, uma instituição corrupta e conservadora que serve para impedir a aprovação de qualquer medida que favoreça o povo.
 

CPI da Petrobras é uma farsa 
Não devemos depositar nenhuma confiança na CPI da Petrobras, pois ela é dirigida pelos políticos que receberam dinheiro das empreiteiras em suas campanhas. Nenhuma confi ança num Congresso Nacional dirigido por Eduardo Cunha e Renan Calheiros. Toda investigação deve ser realizada por uma comissão independente que reúna entidades dos trabalhadores.

A classe operária e os trabalhadores precisam entrar em campo contra o governo do PT e contra o PSDB!

Chega de Dilma (PT), PSDB e PMDB! Fora todos os corruptos!

Direção Nacional do PSTU

A classe operária e todos os trabalhadores devem estar pensando e refletindo sobre os atos que ocorreram esses dias.
No dia 13, ocorreu um ato em apoio ao governo Dilma Rousseff (PT). Embora parte dos trabalhadores presentes neste ato tenha se manifestado contra a retirada dos direitos por parte do governo, o conteúdo do ato, dado pela sua direção, foi essencialmente em defesa do governo, contra um suposto golpe da direita.
Os atos do dia 15, apoiando-se no sentimento tremendamente majoritário e progressivo de oposição e de indignação contra o governo do PT, acabaram tendo na sua condução grupos de centro-direita e a participação explícita de partidos da oposição de direita como o PSDB e o DEM, que tentam se beneficiar da crise do governo para capitalizar eleitoralmente a insatisfação existente.
No dia 15 houve uma participação expressiva da classe média, em particular de seus estratos mais elevados, que foram às ruas contra o governo e a corrupção (22% dos manifestantes recebiam entre 10 e 20 salários mínimos, e 19% ganhavam mais de 20 salários mínimos por mês segundo pesquisa do jornal Folha de S. Paulo na Avenida Paulista). Uma parte desse setor social não esconde ter ódio e preconceito de classe contra os trabalhadores e o povo pobre do Brasil.
Impeachment não é solução
A classe operária deve estar refletindo por que os atos do dia 15 não falaram nada da retirada de direitos que o governo Dilma do PT está fazendo. Também não disseram nada sobre o aumento do preço das tarifas e dos alimentos. Tampouco mencionaram o ministro banqueiro da Fazenda, Joaquim Levy, nomeado pelo PT, ou a ministra dos ruralistas, Kátia Abreu. Enfim, as manifestações do dia 15 não reclamaram dos direitos trabalhistas surrupiados, do seguro-desemprego, do aumento das passagens, do preço dos alimentos, da luz e da água.

A razão disso foi que, quem esteve por trás da organização da manifestação e dos grupos que se diziam independentes e que a convocaram, era gente do PSDB, do DEM e até de grupos que reivindicam a volta do regime militar. O PSDB, o DEM e os grupos que estiveram na sua organização apoiam as medidas de ajuste fiscal do governo do PT contra a classe trabalhadora.  Ao mesmo tempo, a condição social de parte dos manifestantes, composta por estratos mais altos da classe média brasileira, não se ressente com a retirada do seguro-desemprego, da medida que dificulta o acesso ao PIS. Já os grupos que defendiam a volta do regime militar eram bem minoritários. De qualquer maneira, é repugnante ver essa gente que defende a tortura, a ditadura e a perseguição das lideranças da classe trabalhadora serem aceitos em manifestação. 
O PSTU chamou o voto nulo no segundo turno das eleições e defende que os trabalhadores devem sair às ruas e construir uma Greve Geral contra o governo Dilma e contra os governadores do PSDB, do PMDB e também contra a maioria do Congresso Nacional para defender nossos direitos. Por isso, não apoiamos a manifestação do dia 13, porque este era um ato de apoio ao governo Dilma. E não convocamos o dia 15 porque este foi chamado em defesa do impeachment, que é uma proposta que entrega o governo para o vice Michel Temer (PMDB) ou para o presidente da Câmara, Eduardo Cunha (também PMDB), e por não haver, em sua convocação, a defesa das demais reivindicações da classe trabalhadora. Ou seja, impeachment é trocar seis por meia dúzia.
Golpe da direita?
Logo após o protesto do dia 15, militantes do PT e do PCdoB saíram com a tese de que o governo Dilma enfrenta uma tentativa de golpe da direita. Outros setores falam de onda conservadora.  Essa tese, porém, não encontram amparo na realidade. Vejamos: nem o PSDB, nem a Folha de S. Paulo, nem a Globo, nem os banqueiros, nem as empreiteiras e todos os grandes empresários e banqueiros do país, muitos dos quais apoiaram o dia 15, defendem golpe. Aliás, no momento, não defendem nem mesmo o impeachment.

Hoje, esses setores não querem dar um golpe porque estão empenhados, ao lado de Dilma, na aprovação do ajuste fiscal. Ou seja, apoiam as Medidas Provisórias que retiram o seguro-desemprego e dificultam o acesso ao PIS. Apoiam o aumento dos preços das tarifas de energia, de transporte e dos alimentos. Também apoiam as demissões e a venda de ativos da Petrobras. Defendem o corte de gastos sociais no orçamento (saúde, educação, moradia) para dar ainda mais dinheiro aos banqueiros com o pagamento da dívida pública. Todos estão a favor das demissões e de maior exploração: fazer os trabalhadores produzirem mais e ganharem menos.
Aliás, mesmo o imperialismo norte-americano não quer derrubar o governo. Longe disso, o presidente dos EUA, Barack Obama, inclusive adiantou a agenda para realizar um encontro com Dilma em abril, após o vice-presidente daquele país ligar renovando o apoio do governo dos EUA a Dilma. Como é que o PT e o PCdoB explicam esse apoio?
Os banqueiros e os grandes empresários, além disso, ganharam muito dinheiro em todos esses anos de governos do PT, muito mais do que os trabalhadores e o povo pobre. Agora, querem que a classe trabalhadora pague o preço da crise que eles criaram. Esses senhores não preparam nenhum golpe contra Dilma. O máximo que o PT pode dizer a eles é que são muito mal agradecidos.
O PT sempre governou e continua governando para eles. Por isso, nomeou um banqueiro como ministro da Fazenda, um grande empresário como ministro da Indústria e uma latifundiária como o ministra da Agricultura. Na verdade, hoje, o PSDB, legítimo representante de banqueiros e multinacionais, prefere e quer voltar ao governo nas próximas eleições. Para isso, conta com o apoio dos patrões e da grande imprensa.
Todos têm acordo com a atual política econômica. É isso que faz com que banqueiros, multinacionais, agronegócio, FHC, Aécio Neves, PSDB, DEM, Globo, Folha de S. Paulo e toda a mídia queiram desgastar ainda mais o governo: para ter mais poder de chantagem sobre ele e tentar voltar à Presidência da República em 2018. Enquanto isso, apoiam o governo na aplicação das medidas contra a classe trabalhadora. Apoiaram o dia 15 e estimularam os grupos de centro-direita que estiveram por trás dessas manifestações contra o governo e contra a corrupção (embora eles também sejam corruptos). Mas eles não querem que a classe trabalhadora se mobilize para valer contra o governo Dilma e contra governadores e o Congresso e defendam seus direitos, porque eles têm acordo com o governo em jogar a crise sobre as costas dos trabalhadores.
A manifestação do dia 15, então, embora tenha por trás dos grupos que a organizaram a oposição de direita e tenham dela participado setores de classe média que respondem a um ideário de centro- direita, não inaugura uma onda conservadora no país. Ao contrário, a classe operária e toda a classe trabalhadora, que são a imensa maioria dos habitantes deste país, estão indignados com o governo federal do PT e com todos os governadores do PSDB, do PMDB e demais partidos que aplicam o ajuste fiscal, além do próprio Congresso Nacional e sua maioria de deputados corruptos.
A necessidade mais importante é que essa maioria entre em campo contra o governo e contra a oposição de direita, impondo suas reivindicações e não permitindo que joguem o preço da crise sobre suas costas. A classe trabalhadora, em ação contra o governo e contra a direita, pode também responder às angústias de um setor expressivo da classe média que está indignada e com razão. Afinal, nem todos os setores médios são reacionários por natureza.
Construir a Greve Geral: formar um bloco dos trabalhadores, contra o governo, os patrões e a direita
A saída da crise passa pela mobilização da classe trabalhadora contra o governo do PT e, também, contra o PSDB, e pela derrota do ajuste fiscal. É preciso se mobilizar contra o governo e contra a oposição de direita. É importante a classe operária tomar as ruas com suas bandeiras contra os patrões.
O PSTU entende que é preciso construir uma alternativa dos trabalhadores. A CSP-Conlutas, centenas de sindicatos, entidades estudantis e movimentos populares, além de outros movimentos reunidos no Espaço Unidade de Ação, que fizeram manifestações no dia 6 de março, agora vão realizar uma ampla reunião na próxima sexta-feira, 20, em São Paulo. Em pauta está a articulação de um plano de ação que busque romper esta falsa polarização entre o governo do PT, em aliança com a burguesia, e o PSDB.
O PSTU empenhará seu esforço militante na construção dessa reunião. Nosso partido faz um chamado às organizações da classe trabalhadora, ao MTST, aos partidos de esquerda que fazem oposição ao governo, como PSOL e PCB, e mesmo a setores da CUT ou da base do próprio PT, que concordam com a necessidade de formar um campo da classe trabalhadora contra o governo e a direita: vamos construir um processo de luta de massas, de ação, que busque romper a falsa polarização e criar um campo da classe trabalhadora e da juventude contra os patrões, o governo e a oposição de direita.
Ao mesmo tempo, fazemos um chamado às centrais sindicais e aos movimentos populares que estão contra a retirada de direitos: vamos preparar uma Greve Geral para derrubar as medidas do governo apoiadas pela oposição de direita. A CUT e o MST precisam romper efetivamente com o governo. A Força Sindical precisa romper com o PSDB.
Chamamos as centrais sindicais e os movimentos sociais e populares a construir uma Greve Geral com as seguintes reivindicações:
– Nenhuma demissão! Redução da jornada sem redução do salário! Estatização das empresas que demitirem!
– Retirada das MPs 664 e 665, em defesa do seguro-desemprego, do abono do PIS, da pensão por morte e dos direitos dos pescadores; retirada do PL 4330 (da terceirização)!
– Redução e congelamento dos preços dos transportes, das tarifas e dos alimentos!
– Petrobras 100% estatal sob o controle dos trabalhadores!
– Cadeia para todos os corruptos e corruptores e expropriação dos seus bens, ou seja, incluir a investigação e punição dos casos de corrupção também do PSDB e do HSBC, que envolvem inúmeras empresas e políticos, incluindo a Rede Globo.
– Suspensão imediata do pagamento da dívida aos banqueiros e auditoria, para que os trabalhadores não paguem o preço da crise!


O PSTU reafirma: nem PT, nem PSDB nos representam
É necessário construir nas lutas uma alternativa dos trabalhadores, operária e popular, a esse governo e à oposição patronal de direita. É preciso construir uma greve geral que derrube as medidas que atacam a classe trabalhadora. Só nessa luta podemos criar uma alternativa dos trabalhadores para a crise. A classe operária e toda a classe trabalhadora em luta têm mais força do que o governo, os patrões e a oposição de direita.

E será com essa força em ação que se poderá abrir o caminho para uma luta em prol de um governo dos trabalhadores sem patrões e sem corruptos.
fonte: pstu.org.br

quarta-feira, 18 de março de 2015

Mais sacrifício às mulheres trabalhadoras?

Silvia Ferraro, da Secretaria Nacional de Mulheres do PSTU



O discurso da presidente Dilma no dia 8 de março tinha um propósito: convencer as pessoas da necessidade do ajuste fiscal, diga-se, mais sacrifícios aos trabalhadores, como única forma de tirar o país da crise econômica.  Dirigindo-se às mulheres como “queridas iguais”, estendeu um apelo ao conjunto dos trabalhadores, para que confiassem no Congresso e tivessem paciência, pois seriam necessárias duras medidas aos trabalhadores e aos empresários.
O problema é que é mentira que os sacrifícios propostos por Dilma serão divididos igualmente entre todos, ou no caso das mulheres, entre trabalhadoras e burguesas.
Cortes atingirão mais as mulheres
A tal economia de R$18 bilhões pretendida com as medidas que cortam direitos previdenciários e trabalhistas, as Medidas Provisórias 664 e 665, vão sacrificar o conjunto dos trabalhadores, mas especialmente as mulheres mais exploradas e oprimidas, as que dependem em média de um salário mínimo para sobreviver, seja do seguro-desemprego, da pensão, ou do auxílio reclusão.

Os cortes no orçamento dos ministérios, no total de R$22,7 bilhões, também vão atingir as mulheres que necessitam das creches públicas, da saúde pública, enfim, das chamadas áreas sociais. Somente no Ministério da Educação serão “economizados” R$ 600 milhões por mês. A prometida “pátria educadora”, terá mais déficit de vagas em creches, mais crianças fora da escola, menos acesso e permanência nas universidades, enfim, a exclusão na educação aumentará.
Dilma quer economizar cerca de R$66 bilhões neste ano com todos os cortes que está fazendo. Será 1,2% do PIB, para incrementar o Superávit Primário (economia do governo para pagar juros da dívida). A única parte que caberia aos empresários, seria a diminuição da desoneração fiscal, mas a MP 669, acabou de ser devolvida pelo Renan Calheiros (PMDB), aliado de Dilma no Senado, e a Fiesp já disse que não vai aceitar nenhum aumento de impostos na conta dos empresários.
Sabemos que a corda vai arrebentar mesmo é nas costas dos trabalhadores e trabalhadoras. Além dos cortes nas áreas sociais e nos benefícios previdenciários, os trabalhadores estão sofrendo com o aumento das tarifas, dos alimentos e dos juros bancários.
Ajustar as contas do governo, na prática, significará mais sofrimento à classe trabalhadora, e em particular aos setores mais oprimidos e explorados da classe, como as mulheres, os negros e negras, os trabalhadores terceirizados e informais. O governo Dilma está preocupado em continuar atraindo investidores internacionais, quer a confiança dos mercados que exigem um Superávit Primário alto para assegurar a remuneração de seus investimentos. A austeridade de Dilma com os trabalhadores serve à generosidade da presidente com os bancos e o mercado financeiro, que tem seus lucros preservados e aumentados com a taxa de juros em 12,75%.
A crise do governo
Os problemas econômicos do Brasil não são conjunturais como afirmou Dilma em seu discurso. Em 12 anos de governo, o PT incentivou a exportação de commodities, beneficiando o agronegócio e a mineração. Também fez o PAC (Programa de Aceleração do Crescimento), que beneficiou as grandes empreiteiras. Assim como continuou as privatizações através dos leilões, das parcerias e das concessões. Surfando em um ciclo de crescimento econômico, o primeiro governo de Dilma derramou muito dinheiro aos banqueiros, aos latifundiários, aos empreiteiros e às multinacionais, e para os trabalhadores foram distribuídas algumas migalhas, que agora, com as vacas magras, o capital exige que se corte.

Dilma e o PT governaram e continuam governando para os ricos e de acordo com os ditames dos países imperialistas. O pagamento dos serviços da dívida pública hoje consome cerca de 45% de todo o orçamento da União. Mas Dilma nem aventa a possibilidade de suspender o pagamento, pelo contrário, toda a política econômica é voltada para garantir a sua continuidade.
A crise do governo Dilma tem suas raízes no próprio modelo econômico aplicado pelo PT e na dependência do dinheiro dos grandes empresários para o financiamento de suas campanhas, assim como em toda política fisiológica da distribuição dos cargos públicos.
A insatisfação com o governo é generalizada, e a última pesquisa de popularidade aponta que Dilma perdeu apoio em todas as classes sociais, inclusive entre os que ganham até 2 salários mínimos.
A classe média alta raivosa, batendo panela de suas varandas gourmets, está brava porque está mais difícil viajar para o exterior e comprar os carros importados, mas não tem motivos pra querer tirar a Dilma, a não ser por pura ignorância, porque se o PSDB estivesse chefiando o executivo, estaria aplicando exatamente as mesmas medidas econômicas. É claro que o PSDB quer tirar proveito da crise, e vai torrar o governo o máximo que puder.
Quem tem motivos para bater as panelas no Brasil são os trabalhadores e trabalhadoras, aliás, panelas que estão ficando vazias com a alta dos preços dos alimentos. Dilma diz que a cada um será dado a carga que puder suportar, mas perguntamos: E uma mulher, chefe de família, mãe de 4 filhos, que não consegue colocar os menores na creche, que não consegue consulta médica no posto de saúde, que tem seu companheiro preso, que acabou de ser demitida de seu primeiro emprego com carteira assinada depois de um ano de trabalho e que foi ao INSS e eles disseram que ela não terá direito ao seguro desemprego. O que mais esta mulher deve suportar?
O discurso de Dilma não agrada a ninguém porque o mercado financeiro quer pagar pra ver se os cortes serão suficientes para eles, a classe média alta está com raiva porque com o dólar a 3 reais fica mais difícil comprar os importados. E os trabalhadores, estes sim, os únicos com reais motivos pra reclamar, não acreditam mais em um governo que mentiu nas eleições dizendo que não ia faltar comida na mesa e nem ia mexer em seus direitos.
É por isso que os trabalhadores não podem cair na lábia do PSDB oportunista, mas também não podem acreditar em um governo que está querendo jogar a carga pesada da crise em suas costas. É urgente a construção das lutas e das greves da classe trabalhadora. Os operários da Volks, da GM e do Comperj, os professores do Paraná e de Santa Catarina e o funcionalismo público federal, assim como as mulheres trabalhadoras que saíram as ruas no 8 de março estão dando o exemplo do que temos que fazer. Precisamos de um campo dos trabalhadores sem patrões e unificar todas as lutas rumo à construção da greve geral.
Feminicídio
Por último, Dilma terminou seu discurso falando da sanção à lei do feminicídio.  A tipificação do crime é reivindicada há muitos anos pelo movimento de mulheres e é extremamente necessária num país que tem uma epidemia de violência e assassinatos de mulheres. Contudo, é insuficiente, pois as mulheres transexuais não estão contempladas e além disso, sem os investimentos na proteção às mulheres vítimas de violência a lei não sairá do papel. Sobre isso, Dilma se calou em relação a construção das 27 casas da mulher brasileira prometidas no ano passado, e que foi entregue somente uma até o momento.

A violência contra a mulher é um problema complexo. As leis são importantes, mas somente uma legislação mais severa não resolve, exigimos que as mulheres sejam protegidas e que a violência seja prevenida. Para isso, Dilma poderia, ao invés de querer economizar 1,2% do PIB para o superávit fiscal, destinar este mesmo valor para salvar a vida das mulheres. Mas o seu compromisso não é com as mulheres trabalhadoras.

Fonte: PSTU Nacional - pstu.org.br