quinta-feira, 17 de abril de 2014

Venezuela: Os trabalhadores não devem pagar pela crise!












Leo Arantes

Desde antes das eleições municipais de 8 de dezembro, altos funcionários governamentais deixaram entrever um possível aumento no preço da gasolina. Os resultados eleitorais possibilitaram ao governo afirmar a “pertinência” e “necessidade” desse ajuste, porque  “é a gasolina mais barata do mundo”, “há dezessete anos não há um ajuste no preço”, “o subsidio estatal para manter o atual preço representa 12.600 milhões de dólares”, entre outras alegações.

Até os analistas políticos do chavismo e os burocratas sindicais, como Wills Rangel, presidente da Federação Petroleira e da Central Socialista Bolivariana de Trabalhadores, e a Fedecamaras (federação patronal) e a MUD (frente de oposição política de direita), apóiam o aumento.

Mas também companheiros trabalhadores e ativistas honestos aprovam o possível aumento; com estes últimos queremos abrir um debate sobre as verdadeiras razões do aumento, a quem beneficia e a quem prejudica e suas conseqüências; um debate distinto ao que propõem Maduro e seu governo.

Eles provocam a crise e querem que nós a paguemos!

Os argumentos do governo são uma grande mentira ao tratar de ocultar as verdadeiras razões do pretendido aumento. Há um acordo geral entre a patronal opositora e chavista e o governo para jogar a crise econômica sobre os ombros dos trabalhadores e do povo pobre.

Uma inflação de 56,2% no final de 2013 e a escassez de produtos básicos consomem os salários e atormentam a vida do povo trabalhador; enquanto isso, o governo não pára de entregar dólares ao parasitário e especulador empresariado venezuelano, às transnacionais, ao imperialismo, por meio das empresas mistas e os pagamentos da dívida externa.

Essa é a razão para querer aumentar o preço da gasolina: as receitas petroleiras, que atingem os 97% dos dólares que entram no país, não estão gerando o “suficiente” e o governo, então, pretende meter a mão nos bolsos dos trabalhadores para cobrir o tal “déficit”. Alega que no ano passado foram destinados 33.000 milhões de dólares a importadores privados, e que ao menos 20.000 milhões destes foram destinados às empresas que não importam nada e se dedicam à especulação, esgotando as reservas do Estado venezuelano. 18.000 milhões de dólares foram destinados a amortizar a dívida externa. As transnacionais e as empresas mistas ganham fortunas e o governo deixa de cobrar como imposto - devido aos tratados de 1999 contra a dupla tributação - 17.875 milhões de dólares anuais, todos estes muito superiores ao subsidio que se paga para manter o atual preço da gasolina, e que não são questionados nem por aliados do governo nem por opositores da direita.

Resumindo, é para manter a festa especulativa de adquirir dólares baratos para importar, fazer bons negócios com eles no mercado paralelo ou importar mercadorias com dólar oficial e vender no mercado interno a preços elevadíssimos, que governo e oposição têm acordo em ajustar o preço do combustível, colocando a MUD à disposição do governo, seus recursos técnicos e políticos, e propondo ainda que a medida deve ser acompanhada de uma desvalorização da moeda e uma redução do volume de vendas de petróleo a Cuba y por meio da Petrocaribe.

A quem beneficia o aumento?

Está claro que os grandes beneficiários dessa medida serão os empresários chavistas e opositores, da Fedeindústria (federação da indústria, de tendência chavista), Fedecamaras (MUD), os banqueiros e as transnacionais. Esse setor aumentará seus custos devido a transportes e fretes, mas terá sempre a possibilidade de transferir esse aumento para os preços das mercadorias e os serviços que oferecem, elevando assim os níveis de inflação. O governo,  pese a negativa de Maduro, porá em prática a medida na tentativa de cobrir o déficit fiscal gerado pelos múltiplos compromissos adquiridos com os setores patronais.

Outra realidade é a nossa, trabalhadores, que teremos que suportar o possível aumento do preço do transporte e com ele da inflação, que continuará deteriorando nossos já pífios salários, além de suportar a escassez, que não se soluciona.

É necessária uma saída da classe trabalhadora

Como fazem todos os governos patronais e anti-operários, Maduro prefere meter as mãos nos bolsos dos trabalhadores, aumentando o preço da gasolina e jogando nas nossas costas o peso da crise. O que deveria fazer é justamente o contrário: perseguir os empresários e banqueiros, especuladores, e obrigá-los a responder pelos dólares que roubaram do Estado, deixar de pagar a dívida externa, acabar com os convênios de empresas mistas, principalmente no negócio petroleiro, expulsando as transnacionais, e romper com os tratados contra a dupla tributação.

Além de repudiar esse aumento do preço da gasolina, que em nada vai nos beneficar, nós trabalhadores precisamos construir a unidade para lutar, com assembléias democráticas nos centros de trabalho, para chegar até um grande encontro nacional de trabalhadores, unificado e autônomo, para defender nossos direitos.


Um acordo para aumentar os preços

Julián Miranda

Passaram as eleições de dezembro nas quais o chavismo saiu vitorioso. Segundo nossa opinião, o resultado somente dá um pouco de oxigênio ao governo. Mas, para quê ele vai utilizar este oxigênio? Para iniciar de verdade uma guerra contra os parasitas capitalistas e especuladores? Para atacar realmente a inflação gerada pela de ganância dos capitalistas? Dará um imediato aumento salarial que permita cobrir o custo da cesta básica, incrementada por uma inflação de 56,2%? Chamará o presidente Maduro os trabalhadores e setores populares a mobilizarem-se e ocupar as fábricas e depósitos de aproveitadores e parasitas?

Seguramente muitos companheiros que votaram no PSUV ou nos outros candidatos do Grande Pólo Patriótico (aliança do chavismo com outros partidos), o fizeram pensando que algumas dessas medidas seriam tomadas depois do 8 de dezembro. Mas não será assim.

O pomposo anúncio do presidente Maduro de aumento de 10% no salário mínimo não cobre o que já foi consumido pela inflação desde 2012. Os abraços e apertos de mão com os políticos da oposição indicam que o governo vai pelo caminho contrário. Se a oposição burguesa se entusiasma com o “diálogo”, nós, trabalhadores devemos nos preocupar.

O governo vai aplicar o programa da “direita”

Os porta-vozes da burguesia e do imperialismo vêm pressionando para que o governo ajuste tarifas de serviços e a gasolina, faça uma desvalorização e reduza os gastos do Estado. Com este conjunto de medidas, os empresários e parasitas teriam melhores condições de cobrar a enorme dívida externa, reduziriam ainda mais os salários cobrados em Bolívar e com isso restaria uma porção maior da grande renda petrolífera para a elite, à custa da miséria dos trabalhadores e dos ataques à soberania do país.

Segundo estes “porta-vozes” (o Bank of América e o Barclays, entre outros) o governo deixaria o dólar a 6,30 bs para importar alimentos e medicamentos. E poderia desvalorizar, em uma primeira parcela, o dólar oficial até 11 bs. O que se vende em leilões a 18bs. Será um golpe brutal ao nível de vida dos trabalhadores e a cesta básica ficará ainda mais distante de nossos bolsos. Eles calculam a inflação próxima em mais de 50%.

Por outro lado, o governo Maduro já aceitou aumentar o preço da gasolina e demais combustíveis. O que se discute é qual é o melhor momento para fazê-lo. Todos sabemos como esse aumento influi nos preços. E quem pagará as consequências? O povo, claro.

Mas para os banqueiros imperialistas, isto não seria suficiente. Teriam de reduzir ainda mais os gastos do Estado. O que acontecerá com as empresas básicas e as de cimento, por exemplo, que já quase não produzem por falta de investimento. Maduro disse que quer que dêem lucro. Se o Estado não investe em manutenção e novas máquinas, o lucro obtido será às custas da super-exploração de seus trabalhadores. E com a saúde e educação, o que acontecerá? Hoje a situação dos hospitais e seus trabalhadores já é calamitosa, sem falar das escolas e universidades. Por isso crescem as clínicas e escolas privadas.

Os patrões e o imperialismo querem mais

Maduro acha que “não há pressa” em aplicar o ajuste. Por isso os empresários pressionam ainda mais. Mas também pressionam contra as conquistas dos trabalhadores: acabar com a estabilidade trabalhista e ter liberdade para contratar e despedir a seu bel-prazer. Montaram uma “campanha” contra o “absentismo” e “a baixa produtividade” dos trabalhadores, com a qual o governo faz eco. Já muitas inspetorias se colocaram a serviço incondicional dos empresários, permitindo a aprovação de demissões de dirigentes com estabilidade, como no caso de Iván Freites, da Federação dos Petroleiros. Também houve casos em Sucre e outros estados. Abriram processos judiciais contra os dirigentes da Sidor, a siderúrgica estatal, somando-os assim a vários milhares nessa condição.

Também houve assassinatos e atentados contra dirigentes indígenas e camponeses que permanecem em total impunidade. Eles atacam por todos os lados...

Unidade dos trabalhadores para enfrentar o ajuste

A vergonhosa atitude de muitos dirigentes sindicais, como Wills Rangel, apoiando o aumento do preço da gasolina, e outros que se calam frente a uma inflação que consome nossos salários, deve ser repudiada pelos trabalhadores. Rangel, como dirigente dos petroleiros, está negociando o contrato com um miserável aumento salarial para os próximos anos.

Nós, trabalhadores, devemos nos unir para defender nossas conquistas e lutar por um aumento salarial de emergência que cubra a inflação; também devemos repudiar as pretensões dos empresários e do governo de submeter-nos a um ajuste. É preciso exigir que as centrais sindicais saiam de sua inércia para fazer um plano de luta. Por outro lado, precisamos fazer um encontro nacional de todos os que estão dispostos a debater um programa dos trabalhadores para sair dessa situação.

Nós, trabalhadores, não somos os responsáveis pela festa especulativa com os dólares do governo com a qual os parasitas roubam milhões para suas contas no exterior. Não somos culpados pela fuga de dólares que as multinacionais levam para o exterior, “sugando” nosso petróleo e outros recursos naturais. Não devemos pagar os custos dessa festa.

Devemos debater uma série de medidas urgentes, como um aumento geral de salários, a suspensão do pagamento da dívida externa, a investigação de todos os leilões e entrega de dólares a todos os empresários e as empresas especuladoras, formando uma comissão investigativa com a participação dos organismos operários e populares, a nacionalização de toda a indústria petroleira e o urgente investimento em manutenção e tecnologia, com controle efetivo dos trabalhadores, também nas indústrias básicas, nacionalização do comercio exterior (importação e exportação nas mãos do Estado), controle operário contra os boicotes da patronal, que seguram os produtos para aumentar os preços. Com nossa mobilização, poderemos impulsionar esse programa de luta.
 
Tradução: Jéssica Augusti
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Escrito por Leo Arantes e Julián Miranda   
Sex, 07 de Fevereiro de 2014 00:17
Os trabalhadores não devem pagar pela crise!

Leo Arantes

Desde antes das eleições municipais de 8 de dezembro, altos funcionários governamentais deixaram entrever um possível aumento no preço da gasolina. Os resultados eleitorais possibilitaram ao governo afirmar a “pertinência” e “necessidade” desse ajuste, porque  “é a gasolina mais barata do mundo”, “há dezessete anos não há um ajuste no preço”, “o subsidio estatal para manter o atual preço representa 12.600 milhões de dólares”, entre outras alegações.

Até os analistas políticos do chavismo e os burocratas sindicais, como Wills Rangel, presidente da Federação Petroleira e da Central Socialista Bolivariana de Trabalhadores, e a Fedecamaras (federação patronal) e a MUD (frente de oposição política de direita), apóiam o aumento.

Mas também companheiros trabalhadores e ativistas honestos aprovam o possível aumento; com estes últimos queremos abrir um debate sobre as verdadeiras razões do aumento, a quem beneficia e a quem prejudica e suas conseqüências; um debate distinto ao que propõem Maduro e seu governo.

Eles provocam a crise e querem que nós a paguemos!

Os argumentos do governo são uma grande mentira ao tratar de ocultar as verdadeiras razões do pretendido aumento. Há um acordo geral entre a patronal opositora e chavista e o governo para jogar a crise econômica sobre os ombros dos trabalhadores e do povo pobre.

Uma inflação de 56,2% no final de 2013 e a escassez de produtos básicos consomem os salários e atormentam a vida do povo trabalhador; enquanto isso, o governo não pára de entregar dólares ao parasitário e especulador empresariado venezuelano, às transnacionais, ao imperialismo, por meio das empresas mistas e os pagamentos da dívida externa.

Essa é a razão para querer aumentar o preço da gasolina: as receitas petroleiras, que atingem os 97% dos dólares que entram no país, não estão gerando o “suficiente” e o governo, então, pretende meter a mão nos bolsos dos trabalhadores para cobrir o tal “déficit”. Alega que no ano passado foram destinados 33.000 milhões de dólares a importadores privados, e que ao menos 20.000 milhões destes foram destinados às empresas que não importam nada e se dedicam à especulação, esgotando as reservas do Estado venezuelano. 18.000 milhões de dólares foram destinados a amortizar a dívida externa. As transnacionais e as empresas mistas ganham fortunas e o governo deixa de cobrar como imposto - devido aos tratados de 1999 contra a dupla tributação - 17.875 milhões de dólares anuais, todos estes muito superiores ao subsidio que se paga para manter o atual preço da gasolina, e que não são questionados nem por aliados do governo nem por opositores da direita.

Resumindo, é para manter a festa especulativa de adquirir dólares baratos para importar, fazer bons negócios com eles no mercado paralelo ou importar mercadorias com dólar oficial e vender no mercado interno a preços elevadíssimos, que governo e oposição têm acordo em ajustar o preço do combustível, colocando a MUD à disposição do governo, seus recursos técnicos e políticos, e propondo ainda que a medida deve ser acompanhada de uma desvalorização da moeda e uma redução do volume de vendas de petróleo a Cuba y por meio da Petrocaribe.

A quem beneficia o aumento?

Está claro que os grandes beneficiários dessa medida serão os empresários chavistas e opositores, da Fedeindústria (federação da indústria, de tendência chavista), Fedecamaras (MUD), os banqueiros e as transnacionais. Esse setor aumentará seus custos devido a transportes e fretes, mas terá sempre a possibilidade de transferir esse aumento para os preços das mercadorias e os serviços que oferecem, elevando assim os níveis de inflação. O governo,  pese a negativa de Maduro, porá em prática a medida na tentativa de cobrir o déficit fiscal gerado pelos múltiplos compromissos adquiridos com os setores patronais.

Outra realidade é a nossa, trabalhadores, que teremos que suportar o possível aumento do preço do transporte e com ele da inflação, que continuará deteriorando nossos já pífios salários, além de suportar a escassez, que não se soluciona.

É necessária uma saída da classe trabalhadora

Como fazem todos os governos patronais e anti-operários, Maduro prefere meter as mãos nos bolsos dos trabalhadores, aumentando o preço da gasolina e jogando nas nossas costas o peso da crise. O que deveria fazer é justamente o contrário: perseguir os empresários e banqueiros, especuladores, e obrigá-los a responder pelos dólares que roubaram do Estado, deixar de pagar a dívida externa, acabar com os convênios de empresas mistas, principalmente no negócio petroleiro, expulsando as transnacionais, e romper com os tratados contra a dupla tributação.

Além de repudiar esse aumento do preço da gasolina, que em nada vai nos beneficar, nós trabalhadores precisamos construir a unidade para lutar, com assembléias democráticas nos centros de trabalho, para chegar até um grande encontro nacional de trabalhadores, unificado e autônomo, para defender nossos direitos.


Um acordo para aumentar os preços

Julián Miranda

Passaram as eleições de dezembro nas quais o chavismo saiu vitorioso. Segundo nossa opinião, o resultado somente dá um pouco de oxigênio ao governo. Mas, para quê ele vai utilizar este oxigênio? Para iniciar de verdade uma guerra contra os parasitas capitalistas e especuladores? Para atacar realmente a inflação gerada pela de ganância dos capitalistas? Dará um imediato aumento salarial que permita cobrir o custo da cesta básica, incrementada por uma inflação de 56,2%? Chamará o presidente Maduro os trabalhadores e setores populares a mobilizarem-se e ocupar as fábricas e depósitos de aproveitadores e parasitas?

Seguramente muitos companheiros que votaram no PSUV ou nos outros candidatos do Grande Pólo Patriótico (aliança do chavismo com outros partidos), o fizeram pensando que algumas dessas medidas seriam tomadas depois do 8 de dezembro. Mas não será assim.

O pomposo anúncio do presidente Maduro de aumento de 10% no salário mínimo não cobre o que já foi consumido pela inflação desde 2012. Os abraços e apertos de mão com os políticos da oposição indicam que o governo vai pelo caminho contrário. Se a oposição burguesa se entusiasma com o “diálogo”, nós, trabalhadores devemos nos preocupar.

O governo vai aplicar o programa da “direita”

Os porta-vozes da burguesia e do imperialismo vêm pressionando para que o governo ajuste tarifas de serviços e a gasolina, faça uma desvalorização e reduza os gastos do Estado. Com este conjunto de medidas, os empresários e parasitas teriam melhores condições de cobrar a enorme dívida externa, reduziriam ainda mais os salários cobrados em Bolívar e com isso restaria uma porção maior da grande renda petrolífera para a elite, à custa da miséria dos trabalhadores e dos ataques à soberania do país.

Segundo estes “porta-vozes” (o Bank of América e o Barclays, entre outros) o governo deixaria o dólar a 6,30 bs para importar alimentos e medicamentos. E poderia desvalorizar, em uma primeira parcela, o dólar oficial até 11 bs. O que se vende em leilões a 18bs. Será um golpe brutal ao nível de vida dos trabalhadores e a cesta básica ficará ainda mais distante de nossos bolsos. Eles calculam a inflação próxima em mais de 50%.

Por outro lado, o governo Maduro já aceitou aumentar o preço da gasolina e demais combustíveis. O que se discute é qual é o melhor momento para fazê-lo. Todos sabemos como esse aumento influi nos preços. E quem pagará as consequências? O povo, claro.

Mas para os banqueiros imperialistas, isto não seria suficiente. Teriam de reduzir ainda mais os gastos do Estado. O que acontecerá com as empresas básicas e as de cimento, por exemplo, que já quase não produzem por falta de investimento. Maduro disse que quer que dêem lucro. Se o Estado não investe em manutenção e novas máquinas, o lucro obtido será às custas da super-exploração de seus trabalhadores. E com a saúde e educação, o que acontecerá? Hoje a situação dos hospitais e seus trabalhadores já é calamitosa, sem falar das escolas e universidades. Por isso crescem as clínicas e escolas privadas.

Os patrões e o imperialismo querem mais

Maduro acha que “não há pressa” em aplicar o ajuste. Por isso os empresários pressionam ainda mais. Mas também pressionam contra as conquistas dos trabalhadores: acabar com a estabilidade trabalhista e ter liberdade para contratar e despedir a seu bel-prazer. Montaram uma “campanha” contra o “absentismo” e “a baixa produtividade” dos trabalhadores, com a qual o governo faz eco. Já muitas inspetorias se colocaram a serviço incondicional dos empresários, permitindo a aprovação de demissões de dirigentes com estabilidade, como no caso de Iván Freites, da Federação dos Petroleiros. Também houve casos em Sucre e outros estados. Abriram processos judiciais contra os dirigentes da Sidor, a siderúrgica estatal, somando-os assim a vários milhares nessa condição.

Também houve assassinatos e atentados contra dirigentes indígenas e camponeses que permanecem em total impunidade. Eles atacam por todos os lados...

Unidade dos trabalhadores para enfrentar o ajuste

A vergonhosa atitude de muitos dirigentes sindicais, como Wills Rangel, apoiando o aumento do preço da gasolina, e outros que se calam frente a uma inflação que consome nossos salários, deve ser repudiada pelos trabalhadores. Rangel, como dirigente dos petroleiros, está negociando o contrato com um miserável aumento salarial para os próximos anos.

Nós, trabalhadores, devemos nos unir para defender nossas conquistas e lutar por um aumento salarial de emergência que cubra a inflação; também devemos repudiar as pretensões dos empresários e do governo de submeter-nos a um ajuste. É preciso exigir que as centrais sindicais saiam de sua inércia para fazer um plano de luta. Por outro lado, precisamos fazer um encontro nacional de todos os que estão dispostos a debater um programa dos trabalhadores para sair dessa situação.

Nós, trabalhadores, não somos os responsáveis pela festa especulativa com os dólares do governo com a qual os parasitas roubam milhões para suas contas no exterior. Não somos culpados pela fuga de dólares que as multinacionais levam para o exterior, “sugando” nosso petróleo e outros recursos naturais. Não devemos pagar os custos dessa festa.

Devemos debater uma série de medidas urgentes, como um aumento geral de salários, a suspensão do pagamento da dívida externa, a investigação de todos os leilões e entrega de dólares a todos os empresários e as empresas especuladoras, formando uma comissão investigativa com a participação dos organismos operários e populares, a nacionalização de toda a indústria petroleira e o urgente investimento em manutenção e tecnologia, com controle efetivo dos trabalhadores, também nas indústrias básicas, nacionalização do comercio exterior (importação e exportação nas mãos do Estado), controle operário contra os boicotes da patronal, que seguram os produtos para aumentar os preços. Com nossa mobilização, poderemos impulsionar esse programa de luta.
 
Tradução: Jéssica Augusti

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