terça-feira, 15 de abril de 2014

Municipalização do Hospital Bom Jesus: Hora de lutar por um sistema de saúde público e de qualidade

Fonte: CSP-Conlutas Congonhas / MML / SEESS


O que significa para o povo trabalhador a intervenção da Prefeitura no Hospital Bom Jesus



Na quinta-feira, 10 de abril, a prefeitura de Congonhas publicou um decreto de municipalização temporária da Associação Hospitalar Bom Jesus. A partir de agora, o poder público municipal toma para si os problemas do HBJ e passa a gerir o hospital.
Essa atitude é reflexo do acúmulo de problemas do Hospital e também do conjunto da saúde de Congonhas, que são as maiores reclamações da população.
Os estabelecimentos de saúde públicos são insuficientes. É muito difícil conseguir consultas e as especialidades praticamente só são acessíveis para quem tem convênios. A Policlínica não possui infraestrutura para internação e todas as situações de urgência acabam sendo encaminhadas para o Hospital Bom Jesus.

Fundação Privada: O câncer do Hospital Bom Jesus!

A municipalização do HBJ é tardia, ou seja, deveria ter sido feita há muito tempo. Nós já alertávamos que grande parte do descaso com a saúde em Congonhas era resultado da forma errada dessa parceria público-privada.
O HBJ recebe verbas do SUS, do Governo Estadual, do SAMU e da prefeitura. Porém, tanto dinheiro nunca foi revertido em qualidade de atendimento. No hospital faltam médicos, materiais de enfermagem, aparelhos para exames sofisticados e uma série de outros itens.
E não é só em Congonhas. Em todo o país são muitos os exemplos de como as Fundações Privadas não resolvem os problemas da saúde. Ao contrário, elas mantêm uma lógica de funcionamento que beneficia os planos de saúde pagos em detrimento do atendimento pelo SUS. Ou seja, pelas fundações privadas, a saúde é uma forma de fazer dinheiro, e não um serviço necessário à população.


Alerta, aí tem lobo vestido em pele de cordeiro!

Da forma que está sendo feita a intervenção do poder público, ela pode significar apenas a salvação da administração do hospital, e não da saúde pública da cidade. Não podemos deixar a prefeitura tomar as rédeas, investir dinheiro no hospital e, depois de resolver os principais problemas administrativos, entregá-lo novamente à administração privada. Isso seria um erro e não soluciona os problemas de atendimento nem garante um serviço de qualidade à população.

Funcionamento da maternidade já anunciava o problema!
No dia 28 de março, a população de Com/gonhas ficou chocada com a morte de um recém-nascido, devido à falta de atendimento adequado no HBJ. A parturiente não foi atendida no hospital e acabou recorrendo ao atendimento da policlínica, onde o parto foi feito, mas, infelizmente, a criança veio a falecer.
Contudo, essa já era uma tragédia anunciada há tempos... muitas gestantes que dependem do SUS estão à mercê de um atendimento precário ou da falta dele na Cidade dos Profetas. O Movimento Mulheres em Luta (MML) conversou com várias mulheres que tiveram seus bebês recentemente e todas, sem exceção, têm fortes denúncias contra o HBJ. A mais grave é a falta de obstetra, pois não há plantonistas diariamente. Muitas relataram que tiveram seus partos com a presença apenas da equipe de enfermagem. Caso houvesse uma complicação no parto, seria uma tragédia.
Além disso, há reclamações de situações em que o bebê quase vem a óbito, pois a gestante precisa de uma cesariana, mas o hospital insiste no parto normal, pois é menos dispendioso. Aparelhos de ultrassom não funcionam e, se a gestante precisa do atendimento de uma especialista durante o pré-natal, é praticamente nula a chance de consegui-lo.  
As mulheres merecem respeito, principalmente, num momento tão especial de suas vidas. Pelo direito à maternidade com dignidade e respeito!

Desrespeito aos trabalhadores do HBJ prejudica os atendimentos

Outro grave problema do hospital é a situação precária de trabalho dos profissionais da saúde. Esses trabalhadores, que têm como função cuidar de pessoas no momento em que elas estão mais fragilizadas, não são valorizados e também sofrem com as mazelas da saúde em Congonhas.
Além dos baixos salários, prefeitura e HBJ não garantiram o aumento no Cartão Alimentação da categoria, prometido em 2013. Além disso, a falta de materiais e de médicos obriga a equipe de enfermagem a ter que garantir tarefas que não são de sua alçada, como partos e outros procedimentos.
Este ano, a administração do hospital chegou ao absurdo de proibir o uso dos elevadores pelos seus funcionários, obrigando todos a subirem e descerem escadas o dia inteiro e colocarem em risco sua segurança e saúde.
Precisamos mudar essa realidade. Os trabalhadores do HBJ merecem respeito e valorização.


Hora de defender um serviço de saúde público e de qualidade!

A municipalização do Hospital é correta e pode significar grande avanço, se tomada de forma permanente e ter como centro melhorar o atendimento à população e as condições de trabalho dos profissionais da saúde.
A população de Congonhas merece respeito e precisa de um serviço de saúde público e de qualidade. Por isso, está na hora de todos tomarmos como tarefa exigir da prefeitura:

ü Municipalização definitiva do HBJ. Precisamos de um Hospital público de verdade.

ü Mais investimento na saúde pública.

ü Auditoria nas contas do HBJ, para verificar o uso do dinheiro público dos últimos anos.

ü Valorização dos trabalhadores, garantindo estabilidade, aumento salarial, melhorias no ambiente e nas condições de trabalho!

ü Compra de mais equipamentos para atender a população, entre eles: eletrocardiógrafos, ultrassonografia, tomógrafo, mamógrafo e aparelho de hemodiálise.

ü Melhoria das condições dos postos de saúde, com equipes médicas e de enfermagem permanente, permitindo o acesso de todos aos cuidados primários e a consultas de saúde materna, infantil e de planejamento familiar.

ü Criação de UPAs em todos os grandes bairros. Essa medida vai garantir o atendimento e solução de diversos casos que atualmente são encaminhados para o HBJ.

ü Investimento na maternidade, garantindo a todas as mães acesso a especialistas e infraestrutura adequada ao serviço de parto.

ü Pela realização e uma audiência pública para discutir a municipalização com a população da cidade.
                                                  
ü Pela participação de representantes dos funcionários, eleitos pela base, na comissão administrativa, com direito a voz e voto.
  




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