quarta-feira, 30 de abril de 2014

Greve dos trabalhadores da Imbel segue forte e NÃO VAI TER FUZIL

Desde o dia 14 de abril os trabalhadores da IMBEL (Indústria de Material Bélico), de propriedade do Exército Brasileiro, entraram em greve, em todas as unidades (Itajubá, Magé, Piquete, juiz de Fora e Rio de Janeiro). A greve atinge atualmente 2.000 trabalhadores, sendo 900 em Itajubá.
A IMBEL produz fuzis, pistolas, munições de médio e grande calibre, explosivos e acessórios, equipamentos eletrônicos e de comunicações, para as forças armadas e policias civis e militares de vários Estados. Entre eles está o fuzil 5.56 IA2, recentemente adotado pelo exército brasileiro, e o primeiro com tecnologia 100% nacional.
Indústria de defesa sucateada, privatizada e nas mãos do imperialismo
O desenvolvimento de uma indústria de defesa forte é fundamental para garantira soberania do Estado, principalmente, em se tratando de época de rapina imperialista. No entanto, apesar de um “certo” discurso nacionalista, os governos de Lula e Dilma, pouco fizeram de efetivo.
Aliás, de conjunto a indústria nacional continua muito atrasada. Os novos blindados foram entregues para a IVECO, empresa do grupo FIAT. A indústria aeronáutica está nas mãos da EMBRAER e Helibrás, uma controlada por fundos americanos e nas mãos de europeus. Isso sem falar da Avibrás, que constantemente atrasa os salários e da Taurus, norteamericana que concorre diretamente com a IMBEL. O Brasil tem uma participação ínfima de 0,067% da produção bélica mundial.
No caso da IMBEL ocorreu um plano de modernização que vem sendo implementado desde 2009. O Plano Estratégico 2011/2015, indica 80% dos investimentos direcionados para maquinários e novas tecnologias e somente 20% para pessoal. Para se ter idéia do tamanho do arrocho salarial o piso salarial da IMBEL está hoje em R$ 1.040,00. Um ferramenteiro que em outras empresas da região tem um salário médio de R$ 4.000,00, na IMBEL recebe cerca de R$ 1.200,00. Desde 2008, o governo federal impõe reajustes baseados somente no INPC.
Esse ano foram cortados R$ 3,5 bi do orçamento do Ministério da Defesa. A própria continuidade do Plano Estratégico da empresa está comprometida. A atualização do fuzil IA2 foi cancelada.
Mas isso não significa que a produção está parada. Existem pedidos de 20 mil fuzis IA2 e outros equipamentos para o exército brasileiro, na ordem de R$ 200 milhões. No entanto, nem a empresa e nem o governo estabeleceram critérios e condições para alcançar estas metas como, por exemplo, melhorias salariais, de condições de trabalho, e impactos à saúde do trabalhador.
Greve geral dos operários e operárias da IMBEL
Cansados do arrocho salarial e com vontade de mudar a situação de permanente arrocho, os trabalhadores da IMBEL partiram para a luta esse ano. E dessa vez em todas as unidades da empresa. Os trabalhadores reivindicam 15% de reajuste salarial, 29% para atualização do Plano de Cargos e Salários, cesta básica de um salário nominal, melhorias das condições de trabalho, entre outras.
Nas negociações deste ano a empresa e o DEST (Ministério do Planejamento) argumentaram que poderia conceder somente o reajuste do IPCA, na ordem de 6,17%. E que, além de ser ano eleitoral, os cortes no orçamento impedem a concessão de aumento real e o atendimento das reivindicações dos trabalhadores, como mudanças no Plano de Cargos e Salários e Vale alimentação de um salário mínimo. Porém o DEST não fala nada a respeito dos pedidos na ordem de R$ 200 milhões que esperam somente o fim da greve para continuar a produção.
Estamos diante de uma enorme mentira do governo. Dizer que não tem dinheiro para pagar um salário decente enquanto joga R$ 30 bi para a Copa e outros tantos para Olimpíadas é no mínimo uma irresponsabilidade. Além disso, é de conhecimento de todos que o governo gasta todos os anos quase a metade do orçamento para pagamento de juros e serviços da dívida pública.
Esta greve acontece também no momento em que milhares de servidores públicos federais encontram-se em greve contra o arrocho salarial.
Ao invés de resolver os problemas dos trabalhadores da IMBEL e atender as reivindicações, a direção da empresa, a mando do governo, vem ameaçando os trabalhadores com corte de ponto e da cesta básica. Uma clara ação intimidatória e de prática antisindical.
Mas isso não tem arrefecido a luta dos trabalhadores da IMBEL, ao contrário, a adesão a greve tem aumentado, as atividades de rua, fechamento de estradas, audiências públicas, tem conquistado amplo apoio da população nas cidades onde tem unidades da IMBEL, inclusive Itajubá.
Campanha de solidariedade e apoio ao fundo de greve
O Sindicato dos Metalúrgicos de Itajubá, e a Federação Democrática dos Metalúrgicos, vem realizando uma ampla campanha de solidariedade a greve. Desde a realização de assembléias nas portarias das outras empresas, listas de apoio entre autoridades, campanhas nas redes sociais.
Neste momento é fundamental o apoio dos sindicatos e dos movimentos sociais à greve da IMBEL, que enfrenta a truculência do Exército Brasileiro e do governo Dilma, com seus cortes no orçamento.
Amanhã tem nova negociação com mediação do Ministério Público do Trabalho, em Pouso Alegre, onde esperamos que a IMBEL e o governo Dilma apresentem uma proposta para os trabalhadores. Do contrário os trabalhadores estão dispostos a continuar a luta e acabar de vez com a política de fome impulsionada pela empresa e governo Dilma.
Por isso os trabalhadores já decidiram que se Dilma não negociar NÃO VAI TER FUZIL.

Fonte: FEDERAÇÃO SINDICAL E DEMOCRÁTICA DOS METALÚRGICOS DE MINAS GERAIS
  
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Paulinho Gabriel, dirigente sindical e trabalhador da IMBEL discursa em audiência pública na Câmara dos Vereadores.
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Mais uma assembléia que vota continuidade da greve.

Foto: CAMPANHA TSUNAMI AZUL # NÃO VAI TER FUZIL !
VAMOS PASSAR POR CIMA E CONQUISTAR NOSSOS DIREITOS !


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