quarta-feira, 12 de março de 2014

Relação do PT e PSDB com a mineração: Duas faces do mesmo entreguismo

O PSDB e a privatização da Vale e da CSN

Como bem observa Amaury Ribeiro Junior  em seu “A privataria Tucana”, A Vale foi privatizada em maio de 1997. Essa privatização foi feita com financiamento oficial. Alem disso a compra foi feita com moedas podres  subsidiado por dinheiro publico.
O preço de venda da empresa, hoje uma das maiores mineradoras do mundo, foi de  US$ 3,3 bilhões. Passado os anos o preço de mercado da vale subiu 60 vezes e hoje esta em torno dos US$ 200 bilhões. A privatização da Vale foi um dos grandes “esquemas” da era mais tenebrosa do neoliberalismo brasileiro. Apenas para se ter uma idéia as suas imensas reservas de minério de ferro, capazes de suprir a demanda mundial por 400 anos foi atribuído valor zero. Como se fosse pouco o minério de ferro está entre os produtos que mais subiram de preço nos anos seguintes à privatização da empresa. No correr dos últimos 20 anos o minério de ferro saltou de 11 dólares a tonelada para 130 dolares.
Para ser o vencedor do leilão que arremataria a Vale, Steinbruch a ponta visível do consórcio Brasil, que contava ainda com o Bradesco e a valiosíssima presença da Previ o fundo de pensão dos funcionários do BB, dono de um patrimônio de R$ 37 bilhões.
Para conseguir a presença da Previ no consorcio Brasil Steinbruch recebeu ajuda de Ricardo Sérgio que garantiu, com manhas, artimanhas e pressões de quem circulava do altíssimo tucanato.
O apoio foi tão importante e descarado que limou a Antônio Ermírio de Moraes, do grupo Votorantim, que estava a cabeça do único consórcio  na disputa. Com o peso do tucanato apontando em outra direção o consorcio de Antonio Ermírio perdeu o apoio do Bradesco e da Previ e acabou derrotado no leilão. “Saí limpo disso e durmo em paz no travesseiro todas as noites”, consolou-se na ocasião o dono da Votorantim.
No entanto este tipo de favor não costuma sair grátis, nos bastidores do poder e no ninho tucano a historia é que Steinbruch teria recompensando os favores da corte com R$ 15 milhões, inclusive disse a revista veja, segundo o autor de “A privataria...” que o dinheiro era exigido por Ricardo Sérgio “em nome de tucanos”.
Sempre segundo Amaury Jr os intermediários da negociação com Steinbruch seriam os empresários Miguel Ethel e José Braffman, ambos parceiros do então diretor do BB Ricardo Sergio.
Anos antes, uma outra estatal do setor, a CSN também havia sido privatizada.
Assim como no caso da Vale, foi um negocio redondo, o governo aceitou que o pagamento fosse totalmente feito em “moedas podres”, isto é, títulos antigos emitidos pelo governo e que podiam ser comprados por até 50% do seu valor.
Em tese a Companhia Siderúrgica Nacional foi “vendida” no leilão por 1,05 bilhão de reais, mas esse valor foi pago em sua quase totalidade, ou 1,01 bilhão de reais,com “moedas podres”, com apenas 38 milhões de reais pagos em dinheiro.
Os grupos “compradores usaram títulos, que compraram pela metade do preço, para “pagar” ao governo, ou seja, compraram as estatais pela metade do preço anunciado. Mas isso não é tudo as “moedas podres” usadas nos leilões também foram vendidas a prestação, financiadas pelo BNDES, em condições incríveis: até 12 anos para pagar e com juros privilegiados[1]
Vale a pena agregar que a empresa, privatizada por 1,01 bilhão de reais, tinha a época faturamento de entorno de 1,5 bilhões de reais.

O PT as privatizações e o novo marco regulatório

Lastimosamente, o PT nunca tentou reverter a privatização do sistema minerario brasileiro. Ao contrario, não apenas manteve as privatizações que o próprio partido acusou de fraudulentas e criminosas como agora esta criando um sistema legislativo, o novo marco regulatório da mineração, que aumenta o poder das grande companhias mineradoras sobre o país.
Nossa resposta a atual exploração minerária deve partir de que a Genesis constitutiva do atual modelo foi uma fraude em escala poucas vezes vista no mundo, o roubo de toda uma reserva nacional e sua entrega a um grupo privado, que em troca deu a seus benfeitores áureas recompensas.
Exigir uma investigação imparcial da privatização no Brasil, a prisão para corruptos e corruptores, a expropriação dos bens de todos os envolvido e a anulação da privatizações sem indenizações é o mínimo que se pode exigir contra o roube sob manto legal que se realizou na “venda” das grandes mineradoras brasileiras

O Novo Marco regulatório

O governo esta propondo fazer uma profunda alteração no código da mineração brasileira. Uma profunda contra reforma esta em curso. Segundo seus promotores o objetivo seria:
1.Ampliar e intensificar a exploração de minério no Brasil
2.Aumentar participação do Estado nos resultados econômicos gerados pela mineração;
3. Promover a verticalização do setor, por meio da instalação de indústrias de base;
4.Desenvolver instrumentos para mitigação dos impactos ambientais da atividade mineral
Na nossa opinião, dos quatros grandes eixos dados como razão para as mudanças estruturais apresentadas, a primeira é verdadeira, de fato quer-se muito aumentar a produção mineraria no Brasil, a segunda é uma falácia, pois não há decisão política de exigir compensações a altura dos lucros e danos causados pela mineração, a terceira é uma exigência do imperialismo, já que este busca livrar-se da chamada industria suja, ai incluída a produção siderúrgica na sua chamada fase quente, e mandá-la para os países periféricos, ainda que controlando ou associado-se a esta industria nos países que a realizam e finalmente a quarta é uma mentira pura e simples pois o que as novas propostas visam e facilitar a exploração mineral em áreas antes restritas a esta pratica, tais como territórios indígenas e unidades de conservação.

Uma resposta coerente.

Na nossa opinião o novo Código da Mineração deveria dar outras respostas ao problema da mineração que ao mesmo tempo enfrente a necessidade de preservar territórios e ecossistemas e responda a indiscutível necessidade de explorar minério.
A Natureza, deve antes de tudo esta a serviço do bem estar da humanidade, preservá-la ou utilizá-la deve também estar guiado por  este critério.
Nós estamos contra a exploração de minério nas áreas de conservação e nos territórios indígenas, em primeiro lugar e principalmente, por que sabemos qual a lógica da atual exploração minerária.
Não se trata de satisfazer uma necessidade urgente do conjunto da humanidade, se trata de valorizar o capital.

3 – Um código e uma legislação que esquece o principal: quem produz
Na proposta do governo para o novo código há um esquecimento inadmissível, os trabalhadores. A mineração não é predatória apenas para a natureza, ela é especialmente predatória para seus produtores diretos, os trabalhadores.
Vitimas, no caso brasileiro, das privatizações que retiram direitos e conquistas histórias, os trabalhadores na mineração acumularam nos últimos anos uma infindável lista de motivos para reclamar.
A mineração, mutila, enlouquece e mata em escala industrial, os salários e direitos trabalhistas diminuem na mesma proporção que aumentam os problemas de saúde.
O direito a aposentadoria especial numa das profissões mais insalubres que existe é praticamente uma quimera. A representação sindical, mutilada pela ausência da estabilidade no emprego, pouco pode fazer em defesa dos trabalhadores.

4 – É preciso taxar fortemente a mineração
Junto com tudo isso, a mineração é uma das atividades que menos paga impostos no país. E o Brasil um dos países que menos cobra impostos sobre a mineração no mudo.
A Petrobrás, empresa ainda com grande lastro estatal paga 10% de seu faturamento bruto de royalties, deixou em 2012 18 bilhões de reais para os cofres públicos, as mineradoras pagam menos de 2% de seu faturamento liquido, já abatidos gastos como os de transportes, a Vale, deixou menos de 800 milhões de royalties no mesmo período.

PT e PSDB recebem milhões das empresas mineradoras.

A privatização tucana das grandes empresas mineradoras e da reserva nacional de minério e a proposta petista de um novo código da mineração são um todo articulado, e o elo onde eles se encontram são as eleições.
O PT recebeu em 2006 segundo o site as claras quase 10 milhões de reais das grandes empresas mineradoras do país. Nas eleições de 2010 foram quase quinze milhões.
Alguns podem pensar que recebem tanto dinheiro é uma “sorte” do PT, ledo engano, o PSDB recebeu nas eleições de 2006 do mesmo grupo de grande empresas da mineração  mais de doze milhões de reais . E nas eleições seguintes, em 2010 a enxurrada de dinheiro continuou o PSDB recebeu mais de treze milhões de reais.
Isso apenas para citar as maiores doações e as mais a vista. Um estudo mais exaustivo sem sombra de duvida apontará a valores maiores e a mais empresas doadoras.
No entanto, fica mais que claro o quanto ambos partidos estão profundamente comprometidos não apenas em vender e entregar as riquezas do país às grandes mineradoras, mas também como ambos são os partidos das grandes mineradoras.




   http://www.fpabramo.org.br/uploads/Brasil_Privatizado.pdf

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