segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Trabalhadores da Vale em Mariana rejeitam proposta de PLR feita pela empresa


Na última semana, ocorreram as assembleias para votação da proposta de PLR feita pela Vale. Em Mariana, a maioria dos trabalhadores optou por enfrentar a empresa e a proposta foi rejeitada nas minas de Timbopeba e Alegria. Embora nas outras unidades a Vale tenha conseguido impor sua política, a resposta dos trabalhadores de Mariana foi muito importante e sinaliza o descontentamento da categoria com os desmandos da empresa.

Entenda o processo:

Até 2013, a forma de remuneração na Vale seguia o modelo de PR (Participação nos Resultados) e o índice pago ao trabalhador era determinado pela produção. Por isso, como o fator era a quantidade de toneladas de minério produzidas, nos anos em que o minério apresentou alta no preço de mercado houve grande crescimento no lucro da empresa, mas o índice da PR permanecia no mesmo patamar. Ou seja, a Vale não queria dividir o crescimento de seus lucros com o trabalhador.

Com a nova proposta de PLR, a empresa mudará a forma de calcular o índice pago ao trabalhador e o fator lucro será incorporado. No entanto, o que pode parecer um avanço, na verdade não passa de mais um ataque, pois a atual previsão de mercado é de queda no valor do minério. Ou seja, a Vale manterá a remuneração dos seus acionistas, mas jogará para o trabalhador o prejuízo que ela pode ter com a queda de seus lucros.



Empresa jogou sujo e pressionou trabalhadores a aprovarem sua proposta
               
A Vale ameaçou cortar 1 salário na PR 2013 caso a proposta de mudança para PLR não foi fosse aprovada. Isso porque todos os anos, a empresa faz a manobra contábil de descontar um salário que foi emprestado ao trabalhador na PR passada e depois emprestar mais um salário a ser pago na PR do ano seguinte. Em 2013, a PR ficou em 5,6 salários. Com o desconto do “empréstimo” que a empresa fez em 2012, o valor pago passaria a ser de 4,6 salários. Somente seria emprestado mais um salário (e manter a remuneração em 5,6) caso os trabalhadores aprovassem sua proposta.

Com essa ameaça, a categoria se sentiu coagida a aprovar a proposta, uma vez que a maioria dos trabalhadores já estava contando com esse dinheiro para pagar dívidas ou comprar algo. Mais uma exemplo da prática de assédio e pressão da Vale.

Mesmo com toda pressão, trabalhadores das minas de Mariana deram exemplo de disposição de luta e rejeitaram a proposta

O Sindicato Metabase Inconfidentes levou para votação a proposta de rejeição e posterior mobilização da categoria na mina de Timbopeba. Os trabalhadores seguiram o sindicato e rejeitaram a proposta. Na mina de Alegria (base do Sindicato de Mariana), também houve rejeição. Isso mostra que os trabalhadores da empresa em Mariana estão descontentes com a política de superexploração da Vale.

Mariana é uma cidade rica, mas com uma série de problemas decorrentes da mineração. O complexo minerador da Vale na região é um dos maiores do país, responsável por grande parte de sua produção. No entanto, permanece em curso a ampla desoneração fiscal e mesmo com todo o lucro da empresa, praticamente nada fica na cidade e a maioria da riqueza produzida vai para fora do Brasil através da remuneração dos acionistas. Um verdadeiro crime contra as riquezas naturais e os trabalhadores de nosso país.

Na última campanha salarial, o Sindicato Metabase Inconfidentes e a categoria solicitaram que a Vale construísse e mantivesse um hospital na cidade, uma vez que grande parte dos problemas de saúde da população é decorrente dos impactos da mineração. A empresa sequer se propôs a discutir esse tema, numa postura clara de manter como interesse apenas seus lucros.

O descaso da Vale com a cidade e seus trabalhadores tem gerado grande insatisfação e culminou com o voto contrário a sua proposta nas assembleias. Infelizmente, a prefeitura de Mariana se mantém fiel aos interesses da Vale e não apoia a luta dos trabalhadores e nem exige mudanças na relação da empresa com a cidade. O governo municipal, assim como o estadual e federal, se mantém fiel aos interesses das grandes mineradoras, ainda que isso custe o bem estar da população.

É necessário unidade para enfrentar a ganância da Vale

A classe trabalhadora está a cada dia dando mostra de sua disposição de luta. No entanto, é necessário que as direções sindicais estejam lado a lado com a categoria e sejam ferramentas para organização dessas lutas. Grandes empresas como a Vale continuarão atacando os trabalhadores para garantir seus altos lucros. Apenas a organização da classe e o enfrentamento com a política da empresa e dos atuais governos poderá mudar essa realidade.

A CSP-Conlutas fez um chamado público ao Metabase Mariana para lutarem juntos em defesa dos trabalhadores da Vale e da cidade. O PSTU Inconfidentes reforça este chamado à unidade e se coloca à disposição para lutarmos juntos em defesa dos trabalhadores.

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