Fonte: CSP-Conlutas Congonhas / MML / SEESS
O que significa para o povo trabalhador a intervenção da Prefeitura no Hospital Bom Jesus
Na quinta-feira, 10 de abril, a prefeitura de
Congonhas publicou um decreto de municipalização temporária da Associação
Hospitalar Bom Jesus. A partir de agora, o poder público municipal toma para si
os problemas do HBJ e passa a gerir o hospital.
Essa atitude é reflexo do acúmulo de problemas do
Hospital e também do conjunto da saúde de Congonhas, que são as maiores
reclamações da população.
Os estabelecimentos de saúde públicos
são insuficientes. É muito difícil conseguir consultas e as especialidades
praticamente só são acessíveis para quem tem convênios. A Policlínica não
possui infraestrutura para internação e todas as situações de urgência acabam sendo
encaminhadas para o Hospital Bom Jesus.
Fundação Privada: O câncer do Hospital Bom Jesus!
A municipalização do HBJ é tardia, ou seja, deveria
ter sido feita há muito tempo. Nós já alertávamos que grande parte do descaso
com a saúde em Congonhas era resultado da forma errada dessa parceria
público-privada.
O HBJ recebe verbas do SUS, do Governo Estadual, do
SAMU e da prefeitura. Porém, tanto dinheiro nunca foi revertido em qualidade de
atendimento. No hospital faltam médicos, materiais de enfermagem, aparelhos
para exames sofisticados e uma série de outros itens.
E não é só em Congonhas. Em todo o país são muitos
os exemplos de como as Fundações Privadas não resolvem os problemas da saúde.
Ao contrário, elas mantêm uma lógica de funcionamento que beneficia os planos
de saúde pagos em detrimento do atendimento pelo SUS. Ou seja, pelas fundações
privadas, a saúde é uma forma de fazer dinheiro, e não um serviço necessário à
população.
Alerta, aí tem
lobo vestido em pele de cordeiro!
Da forma que está sendo feita a intervenção do
poder público, ela pode significar apenas a salvação da administração do
hospital, e não da saúde pública da cidade. Não podemos deixar a prefeitura
tomar as rédeas, investir dinheiro no hospital e, depois de resolver os
principais problemas administrativos, entregá-lo novamente à administração
privada. Isso seria um erro e não soluciona os problemas de atendimento nem
garante um serviço de qualidade à população.
Funcionamento da
maternidade já anunciava o problema!
No dia 28
de março, a população de Com/gonhas ficou chocada com a morte de um
recém-nascido, devido à falta de atendimento adequado no HBJ. A parturiente não
foi atendida no hospital e acabou recorrendo ao atendimento da policlínica,
onde o parto foi feito, mas, infelizmente, a criança veio a falecer.
Contudo,
essa já era uma tragédia anunciada há tempos... muitas gestantes que dependem
do SUS estão à mercê de um atendimento precário ou da falta dele na Cidade dos
Profetas. O Movimento Mulheres em Luta (MML) conversou com várias mulheres que
tiveram seus bebês recentemente e todas, sem exceção, têm fortes denúncias
contra o HBJ. A mais grave é a falta de obstetra, pois não há plantonistas
diariamente. Muitas relataram que tiveram seus partos com a presença apenas da
equipe de enfermagem. Caso houvesse uma complicação no parto, seria uma
tragédia.
Além
disso, há reclamações de situações em que o bebê quase vem a óbito, pois a gestante
precisa de uma cesariana, mas o hospital insiste no parto normal, pois é menos
dispendioso. Aparelhos de ultrassom não funcionam e, se a gestante precisa do
atendimento de uma especialista durante o pré-natal, é praticamente nula a
chance de consegui-lo.
As
mulheres merecem respeito, principalmente, num momento tão especial de suas
vidas. Pelo direito à maternidade com dignidade e respeito!
Desrespeito
aos trabalhadores do HBJ prejudica os atendimentos
Outro grave problema do hospital é a situação precária
de trabalho dos profissionais da saúde. Esses trabalhadores, que têm como
função cuidar de pessoas no momento em que elas estão mais fragilizadas, não
são valorizados e também sofrem com as mazelas da saúde em Congonhas.
Além dos baixos salários, prefeitura e HBJ não
garantiram o aumento no Cartão Alimentação da categoria, prometido em 2013.
Além disso, a falta de materiais e de médicos obriga a equipe de enfermagem a
ter que garantir tarefas que não são de sua alçada, como partos e outros
procedimentos.
Este
ano, a administração do hospital chegou ao absurdo de proibir o uso dos
elevadores pelos seus funcionários, obrigando todos a subirem e descerem
escadas o dia inteiro e colocarem em risco sua segurança e saúde.
Precisamos
mudar essa realidade. Os trabalhadores do HBJ merecem respeito e valorização.
Hora de defender um serviço de saúde público e de qualidade!
A municipalização do Hospital é correta e pode significar
grande avanço, se tomada de forma permanente e ter como centro melhorar o
atendimento à população e as condições de trabalho dos profissionais da saúde.
A população de Congonhas merece respeito e precisa de um
serviço de saúde público e de qualidade. Por isso, está na hora de todos
tomarmos como tarefa exigir da prefeitura:
ü
Municipalização definitiva
do HBJ. Precisamos de um Hospital público de verdade.
ü
Mais investimento na
saúde pública.
ü
Auditoria nas contas
do HBJ, para verificar o uso do dinheiro público dos últimos anos.
ü
Valorização dos trabalhadores,
garantindo estabilidade, aumento salarial, melhorias no ambiente e nas
condições de trabalho!
ü
Compra de mais
equipamentos para atender a população, entre eles: eletrocardiógrafos,
ultrassonografia, tomógrafo, mamógrafo e aparelho de hemodiálise.
ü
Melhoria das
condições dos postos de saúde, com equipes médicas e de enfermagem permanente,
permitindo o acesso de todos aos cuidados primários e a consultas de saúde
materna, infantil e de planejamento familiar.
ü
Criação de UPAs em
todos os grandes bairros. Essa medida vai garantir o atendimento e solução de
diversos casos que atualmente são encaminhados para o HBJ.
ü
Investimento na
maternidade, garantindo a todas as mães acesso a especialistas e infraestrutura
adequada ao serviço de parto.
ü
Pela realização e uma
audiência pública para discutir a municipalização com a população da cidade.
ü
Pela participação de
representantes dos funcionários, eleitos pela base, na comissão administrativa,
com direito a voz e voto.
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