Na última semana,
ocorreram as assembleias para votação da proposta de PLR feita pela Vale. Em
Mariana, a maioria dos trabalhadores optou por enfrentar a empresa e a proposta
foi rejeitada nas minas de Timbopeba e Alegria. Embora nas outras
unidades a Vale tenha conseguido impor sua política, a resposta dos
trabalhadores de Mariana foi muito importante e sinaliza o descontentamento da
categoria com os desmandos da empresa.
Entenda o processo:
Até 2013, a forma
de remuneração na Vale seguia o modelo de PR (Participação nos Resultados) e o
índice pago ao trabalhador era determinado pela produção. Por isso, como o
fator era a quantidade de toneladas de minério produzidas, nos anos em que o
minério apresentou alta no preço de mercado houve grande crescimento no lucro
da empresa, mas o índice da PR permanecia no mesmo patamar. Ou seja, a Vale não
queria dividir o crescimento de seus lucros com o trabalhador.
Com a nova
proposta de PLR, a empresa mudará a forma de calcular o índice pago ao trabalhador
e o fator lucro será incorporado. No entanto, o que pode parecer um avanço, na
verdade não passa de mais um ataque, pois a atual previsão de mercado é de
queda no valor do minério. Ou seja, a Vale manterá a remuneração dos seus
acionistas, mas jogará para o trabalhador o prejuízo que ela pode ter com a
queda de seus lucros.
Empresa jogou sujo e pressionou trabalhadores a aprovarem sua proposta
A Vale ameaçou cortar 1 salário
na PR 2013 caso a proposta de mudança para PLR não foi fosse aprovada. Isso
porque todos os anos, a empresa faz a manobra contábil de descontar um salário
que foi emprestado ao trabalhador na PR passada e depois emprestar mais um
salário a ser pago na PR do ano seguinte. Em 2013, a PR ficou em 5,6 salários.
Com o desconto do “empréstimo” que a empresa fez em 2012, o valor pago passaria
a ser de 4,6 salários. Somente seria emprestado mais um salário (e manter a
remuneração em 5,6) caso os trabalhadores aprovassem sua proposta.
Com essa ameaça, a categoria se
sentiu coagida a aprovar a proposta, uma vez que a maioria dos trabalhadores já
estava contando com esse dinheiro para pagar dívidas ou comprar algo. Mais uma
exemplo da prática de assédio e pressão da Vale.
Mesmo com toda pressão, trabalhadores das minas de Mariana
deram exemplo de disposição de luta e rejeitaram a proposta
O
Sindicato Metabase Inconfidentes levou para votação a proposta de rejeição e
posterior mobilização da categoria na mina de Timbopeba. Os trabalhadores
seguiram o sindicato e rejeitaram a proposta. Na mina de Alegria (base do Sindicato
de Mariana), também houve rejeição. Isso mostra que os trabalhadores da empresa
em Mariana estão descontentes com a política de superexploração da Vale.
Mariana
é uma cidade rica, mas com uma série de problemas decorrentes da mineração. O
complexo minerador da Vale na região é um dos maiores do país, responsável por
grande parte de sua produção. No entanto, permanece em curso a ampla
desoneração fiscal e mesmo com todo o lucro da empresa, praticamente nada fica
na cidade e a maioria da riqueza produzida vai para fora do Brasil através da
remuneração dos acionistas. Um verdadeiro crime contra as riquezas naturais e
os trabalhadores de nosso país.
Na
última campanha salarial, o Sindicato Metabase Inconfidentes e a categoria solicitaram
que a Vale construísse e mantivesse um hospital na cidade, uma vez que grande
parte dos problemas de saúde da população é decorrente dos impactos da
mineração. A empresa sequer se propôs a discutir esse tema, numa postura clara
de manter como interesse apenas seus lucros.
O
descaso da Vale com a cidade e seus trabalhadores tem gerado grande
insatisfação e culminou com o voto contrário a sua proposta nas assembleias.
Infelizmente, a prefeitura de Mariana se mantém fiel aos interesses da Vale e
não apoia a luta dos trabalhadores e nem exige mudanças na relação da empresa
com a cidade. O governo municipal, assim como o estadual e federal, se mantém
fiel aos interesses das grandes mineradoras, ainda que isso custe o bem estar
da população.
É
necessário unidade para enfrentar a ganância da Vale
A
classe trabalhadora está a cada dia dando mostra de sua disposição de luta. No
entanto, é necessário que as direções sindicais estejam lado a lado com a
categoria e sejam ferramentas para organização dessas lutas. Grandes empresas
como a Vale continuarão atacando os trabalhadores para garantir seus altos
lucros. Apenas a organização da classe e o enfrentamento com a política da
empresa e dos atuais governos poderá mudar essa realidade.
A
CSP-Conlutas fez um chamado público ao Metabase Mariana para lutarem juntos em
defesa dos trabalhadores da Vale e da cidade. O PSTU Inconfidentes reforça este
chamado à unidade e se coloca à disposição para lutarmos juntos em defesa dos
trabalhadores.
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